Os líderes das nações que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reunirão nesta semana, entre a terça-feira, 11, e quarta-feira, 12, em Vilnius, capital da Lituânia, para o quarto encontro da cúpula desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro do ano passado.
Entre os principais tópicos na agenda estão os obstáculos para a adesão da Ucrânia à aliança militar, os impasses para a entrada da Suécia e a ampliação das estratégias de defesa do bloco.
A guerra teve impacto direto na organização das cúpulas, antes anuais, como uma forma de fortalecimento do grupo. A primeira, em modelo remoto, foi realizada uma dia após o início do conflito, sendo seguida por outras duas presenciais em Bruxelas e Madri.
Aliados do governo de Volodymyr Zelensky, os integrantes do bloco optaram por reforçar as medidas de segurança em Vilnius em meio à incerteza provocada pela invasão. Caças adicionais e três unidades do sistema de defesa aérea Patriot, empregado de forma inédita em um encontro da Otan, foram incluídos para a proteção dos céus da Lituânia, que fica situada entre Kaliningrado e Belarus, regiões aliadas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.
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Apesar dos fortes e frequentes apelos de Zelensky, a cúpula não pretende dar prosseguimento à adesão ucraniana ao bloco. Como disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, Kiev não será integrada à aliança durante a guerra e, portanto, nenhum convite formal será realizado no encontro desta semana.
Estados Unidos e Alemanha têm levantado alertas para o perigo de levar a Otan ao centro do embate com a Rússia, enquanto nações do leste europeu desejam que um plano para a adesão ucraniana seja delimitado desde já. A cúpula deve discutir um cronograma para a entrada da nação no bloco após o fim do conflito.
Seguindo a sugestão britânica, alguns dos integrantes do grupo defendem, ainda, que os ucranianos tenham um “passe livre” no Membership Action Plan (MAP), documento que estabelece metas políticas, econômicas e militares para candidatos à Otan. Ou seja, as exigências para Kiev podem ser mais brandas.
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Outra postulante, a Suécia também estará no centro das discussões. Embora quase todos os membros da Otan tenham aprovado a adesão da nação nórdica, a Turquia continua bloqueando a confirmação do 32º membro do bloco, sob a justificativa de que Estocolmo estaria abrigando terroristas curdos.
Além disso, possíveis mudanças nos primeiros projetos de defesa da aliança, intocados desde a Guerra Fria, devem ocupar um espaço na pauta. O retorno dos planos regionais, com os quais a Otan pode interferir nas defesas nacionais dos integrantes, surge como caminho para atualizar suas forças e logística.
O debate também deve abordar novos locais de armazenamento de munições, que estão sendo utilizadas em escala mais rápida do que as de produção pelos ucranianos.
Um plano esquecido pela Organização também deve sair do papel. Segundo dois diplomatas ouvidos pela agência de notícias Reuters, aliados da Otan concordaram em aumentar a meta de gastos militares do tratado para, no mínimo, 2% do PIB nacional. Neste ano, a meta seria cumprida por apenas 11 dos 31 membros da aliança, segundo estimativas da Otan.