O que os principais países candidatos ao Brics esperam do grupo
Cúpula do grupo se reúne em Joanesburgo nesta semana
Dezenas de países demonstraram interesse em aderir ao Brics, grupo de cooperação econômica que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em meio à reunião da cúpula, que ocorre entre 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo. Entre os principais candidatos para a admissão estão Argentina, Egito, Indonésia e Arábia Saudita, e outros interessados, como o Irã.
Enquanto o presidente chinês, Xi Jinping, deseja “acelerar o processo de expansão do bloco para incluir o maior número de países”, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, encara a possibilidade com cautela, especialmente em relação a nações aliadas de Pequim, em razão das disputas na divisa sino-indiana.
Próxima à China, a Arábia Saudita já desempenha um importante papel no bloco, ocupando a posição de principal parceiro comercial do Brics no Oriente Médio, com 160 bilhões de dólares apenas no ano passado, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita.
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Terceira maior economia da América Latina, a Argentina também pleiteia uma vaga e conta com o apoio indiano, chinês e brasileiro, seu maior parceiro comercial. O país enfrenta uma grave crise econômica, permeada pela oscilação da inflação em torno de 113% no último ano e pelo empobrecimento de 40% da população, enquanto deve US$ 44 milhões (cerca de R$ 214 milhões) ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um central defensor da entrada argentina no bloco. Ele disse, em uma live nesta terça-feira, que “é muito importante a Argentina estar nos Brics” e, em contraponto aos blocos liderados pelos Estados Unidos, como G7, ressaltou que “o Brics não pode ser um clube fechado”. No ano passado, o presidente argentino, Alberto Fernández, foi convidado para uma reunião virtual do grupo.
China e Índia apoiam a candidatura da Indonésia, que já pertence ao G20. O vice-ministro do Comércio indonésio, Jerry Sambuaga, reforçou que “o interesse existe, o potencial é claro e a oportunidade está à disposição” e que a entrada abriria novos horizontes comerciais para América do Sul e África. Em 2022, as exportações nacionais para integrantes do bloco somaram US$ 93,2 milhões.
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Em boas relações com China e Rússia, o Egito deseja reduzir sua dependência ao dólar. A guerra na Ucrânia provocou crise cambial e econômica no país, agravada pela saída de investidores e pela escalada dos preços das importações de trigo e combustíveis. Apesar das dificuldades, o país ocupa a posição de segunda maior economia da África. Com a adesão, o governo egípcio poderia negociar em sua moeda, a libra egípcia, e procura atrair investimentos dos Estados-membros, sem deixar os Estados Unidos de lado.
Dono da segunda maior reserva de gás do mundo e de um quarto das reservas de petróleo no Médio Oriente, o Irã lançou sua candidatura ao Brics em junho. A economia iraniana ocupou o 22º lugar no ano passado, tendo um PIB de US$ 2 bilhões. A nação lida com uma alta inflação, crescimento lento e sanções americanas. Sua integração ao grupo teria um peso político, de forma a sinalizar que as tentativas de isolamento do Ocidente não foram frustradas.
Além de manter vínculos econômicos com a China, por meio da venda de petróleo com descontos, o país incrementou as trocas comerciais com os participantes do Brics no ano fiscal de 2022-2023, avaliada em cerca de US$ 38 milhões no setor não-petrolífero. O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, viaja nesta quarta-feira para participar do encontro em Joanesburgo após receber um convite, de acordo com a mídia estatal.