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O que se sabe sobre a destruição da barragem de Nova Kakhovka, na Ucrânia

Represa fornece água para a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e para sistema de reatores da usina nuclear de Zaporizhzhia, também sob controle russo

Por Da Redação
Atualizado em 6 jun 2023, 17h41 - Publicado em 6 jun 2023, 16h34
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  • Maior reservatório ucraniano em volume de água, a barragem de Nova Kakhovka foi destruída nesta terça-feira, 6, provocando enchentes descontroladas e levando à retirada de milhares de moradores de cidades próximas ao local. Situada no Rio Dnipro, a represa fornece água para a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e para o sistema de resfriamento dos reatores na usina nuclear de Zaporizhzhia, também sob controle russo.

    Embora Kiev e Moscou tenham trocado acusações pela explosão que abriu um buraco na barragem, e agora atrapalha a contraofensiva ucraniana, a causa do incidente ainda não foi identificada de fato.

    + Ucrânia culpa Rússia por destruição de represa e enchentes descontroladas

    Com 30 metros de altura e 3,2 km de comprimento, o reservatório já havia apresentado irregularidades dias antes do seu rompimento. De acordo com imagens de satélite da empresa Maxar, um fragmento da ponte que cruzava a barragem não foi identificado nas gravações de 5 de junho. As autoridades desconfiam de que o funcionamento tenha sido afetado entre os dias 1º e 2 de junho.

    Segundo o governador de Kherson, Oleksandr Prokudin, mais de 1.000 residentes foram retirados de suas casas nesta terça-feira, alcançando também 1.221 moradores do distrito de Ostriv. Ele disse, ainda, que lares da região “parecem estar debaixo d’água”. Áreas ocupadas pelo lado russo, como Korsunka e Dnipriany, estariam “totalmente inundadas”. Antes da guerra, Kherson tinha cerca de 300.000 habitantes.

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    Entre as regiões impactadas também estariam Krynky, Kozachi Laheri, Pishchanivka, Oleshky, Kardashynka, Hola Prystan e Stara Zburiivka. Ônibus estariam sendo oferecidos pelas forças locais para retirar os residentes de áreas alagadas, que incluem 80 assentamentos na zona de inundação. Cinco mil pontos “seguros” estariam sendo preparados para os afetados pela enchente, como indica o chefe de governo da região de Kherson, Andrey Alekseenko.

    “A situação mais difícil agora é em Alyoshki [o nome russo para Oleshky]. A cidade está quase totalmente inundada”, destacou Aalekseenko, que é apoiado pelo Kremlin.

    Apesar de não haver conclusões claras sobre a autoria do ataque, que sob as convenções de Genebra poderia ser considerado um crime de guerra, os governos da Ucrânia e da Rússia têm trocado farpas sobre o incidente. O Ministério da Defesa ucraniano definiu a explosão do reservatório como uma demonstração de “pânico” dos russos pelo alto dos rumores de uma contraofensiva do seu país, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou os ucranianos de “sabotagem deliberada” para “privar a Crimeia de água” e afetar os conflitos nos campos de batalha.

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    É fisicamente impossível explodi-lo de alguma forma do lado de fora, com um bombardeio. Foi minado pelos ocupantes russos. E eles explodiram. A Rússia detonou uma bomba de destruição ambiental em massa. Este é o maior desastre ambiental causado pelo homem na Europa em décadas”, defendeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas redes sociais. 

    Em contrapartida, autoridades do Kremlin acusaram Kiev de atingir a represa várias vezes na madrugada, destruindo as válvulas hidráulicas da usina hidrelétrica. As lideranças de Moscou, no entanto, garantiram que a estrutura não foi completamente danificada.

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    + Rússia diz que deteve início de contraofensiva ucraniana

    Lideranças internacionais estão acompanhando os desdobramentos do rompimento. No que chamou de “outra consequência devastadora da invasão russa à Ucrânia”, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o colapso da barragem ao sul configura uma “monumental catástrofe humanitária, econômica e ecológica”. Ele comunicou que a ONU e organizações humanitárias estão “apressando o apoio em coordenação com o governo da Ucrânia – incluindo água potável e pastilhas de purificação de água e outras assistências críticas”.

    Somando-se às condenações, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que o “ataque ultrajante à infraestrutura civil”, supostamente provocado pela Rússia, teria colocado a vida de milhares em perigo. Von der Leyen afirmou, ainda, que a União Europeia está mobilizando apoio para auxiliar os ucranianos.

    A Casa Branca também está monitorando a situação. O chefe de comunicação do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse acreditar que “a Rússia foi responsável pela explosão na barragem”, relembrando que “as forças russas assumiram ilegalmente [a região] no ano passado e a ocupam desde então”.

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