O único recado de Trump sobre Bolsonaro na reunião com Lula na Malásia
Presidentes se encontraram na Malásia na madrugada de domingo (26)
Antes do encontro com Lula na Malásia, na madrugada de domingo (26), Trump quebrou o silêncio sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro com um único comentário: o americano disse que ‘se sente mal’ pelo ex-presidente brasileiro. “Sempre gostei dele, me sinto mal. Ele está passando por momentos ruins”. Perguntado por uma jornalista se o tema faria parte da pauta, ele respondeu: “Isso não lhe interessa.”
A reunião teve início nessa madrugada (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, por volta das 4h40 (horário de Brasília), e terminou cerca de quarenta minutos depois. Bolsonaro não entrou na pauta, segundo o chanceler Mauro Vieira. O tarifaço foi o primeiro assunto na lista de temas discutidos, e, antes da conversa, o americano afirmou que fará ‘bons acordos’ com o Brasil. “Não há motivo para qualquer desavença entre o Brasil e EUA”, disse Lula, também antes da reunião, reforçando o sentimento de otimismo para avançar as relações entre as nações. “Não sei se o presidente Trump vai ter tempo, mas tenho uma pauta muito longa para tratar com os Estados Unidos.”
Trump afirmou que acredita que os EUA terão boa relação com o Brasil, e que não pretendia falar sobre a Venezuela, a menos que o tema estivesse na pauta de Lula. Os dois responderam perguntas da imprensa antes do encontro, que também tratou das sanções via Lei Magnitsky. Saiba como foi a reunião.
+ O cálculo do governo para o fim da Magnitsky contra Moraes
Declaração de Marco Rubio
O Secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse neste sábado, 25, considerar “benéfico” para o Brasil ter os Estados Unidos, em vez da China, como seu principal parceiro comercial.
“Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro de escolha e comércio, em vez da China’, disse o secretário a jornalistas. Segundo a Reuters, o americano ainda acrescentou que Trump vai buscar maneiras de resolver questões bilaterais com o Brasil.
A China representa o principal parceiro comercial do país – no acumulado deste ano, quase um terço de todas as exportações brasileiras tiveram o país asiático como destino. Na esteira do tarifaço dos Estados Unidos, o Brasil fechou o mês de agosto, por exemplo, com aumento nas exportações para outros parceiros comerciais: no caso da China as vendas de produtos brasileiros tiveram alta de quase 30%.
Enquanto isso, China e Estados Unidos passam por uma guerra comercial e tarifária. Neste sábado, Trump defendeu que sejam feitas concessões mútuas. “Claro que eles [chineses] terão que fazer concessões. Acho que nós também faremos. Estamos com uma tarifa de 157% para eles. Não acho que isso seja sustentável para eles. Eles querem reduzir isso, e nós queremos certas coisas deles”, disse o líder americano.
Negociações Brasil-EUA
O secretário Marco Rubio foi alçado por Trump como o principal negociador com o governo brasileiro sobre o tarifaço. A nova missão ao secretário foi dada após uma conversa por telefone entre Lula e o presidente americano no início do mês. O Secretário de Estado integra a comitiva que participará da reunião da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) neste domingo.
No último dia 16, Rubio e o chanceler Mauro Vieira tiveram uma reunião na Casa Branca e, após o encontro, emitiram uma nota conjunta na qual foi destacaram que mantiveram “conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em andamento”.
Antes de embarcar rumo à Ásia, Trump foi questionado se estaria disposto a negociar as tarifas sobre o Brasil e, numa sinalização positiva, respondeu que “nas circunstâncias certas, claro”.
Também neste sábado, Lula disse estar disposto para que uma solução seja encontrada. “Eu trabalho com otimismo para que a gente possa encontrar uma solução. Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda. Vamos colocar na mesa os problemas e vamos tentar encontrar uma solução. Então pode ficar certo que vai ter uma solução”, disse o presidente brasileiro.







