A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou neste sábado, 23, o surto de varíola dos macacos (conhecida em inglês por monkeypox), como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês). A decisão foi anunciada pelo diretor-geral do órgão, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a despeito da falta de consenso entre os membros da agência. “Temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo por meio de novos modos de transmissão sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios das regulamentações internacionais de saúde”, afirmou Tedros.
O próximo passo do colegiado é discutir a implementação de medidas que visam à contenção da zoonose viral. No mundo, a doença atingiu mais de 14 000 pessoas, em cerca de setenta países. Embora a enfermidade tenha sido estabelecida em partes da África central e ocidental há várias décadas, não havia até então a incidência de grandes surtos em outros continentes.
No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou 607 casos da doença, ocorridos em treze estados e no Distrito Federal. São Paulo lidera os índices, com 438 registros, seguido por Rio de Janeiro, com 86, e Minas Gerais, com 33 notificações. Distrito Federal (12), Paraná (10) e Goiás (8) vêm na sequência.
A Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é uma das medidas previstas pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI), estabelecido em 2005, que tem como foco “ajudar a comunidade internacional a prevenir e responder a graves riscos de saúde pública que têm o potencial de atravessar fronteiras e ameaçar pessoas em todo o mundo”. Com a declaração, as ações dos países passam a ser coordenadas para evitar que a doença se espalhe ainda mais e cause impactos para as populações e sistemas de saúde.
Até o momento, a emergência foi declarada seis vezes: na pandemia de gripe H1N1 (2009), nos surtos de Ebola (na África Ocidental 2013-2015 e na República Democrática do Congo 2018-2020), poliomielite (2014), Zika vírus (2016) e Covid-19 (2020), de acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.
Varíola dos macacos
Descoberta em 1958, a varíola dos macacos recebeu este nome por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.
Entre os sintomas, estão: febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. A doença é endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.
Análises preliminares sobre os primeiros casos do atual surto na Europa e na América do Norte demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. No entanto, a OMS já alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado.