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OMS faz alerta contra a cloroquina, enquanto Brasil amplia uso do remédio

Novo protocolo autoriza o tratamento em quadros leves da Covid-19; país teve recorde de mortes e infecções na terça-feira, com 1.179 óbitos e 17.408 casos

Por Da Redação
Atualizado em 20 Maio 2020, 19h04 - Publicado em 20 Maio 2020, 16h01

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reafirmou nesta quarta-feira, 20, que a hidroxicloroquina não demonstrou ser eficaz no tratamento contra o novo coronavírus. Estudos também apontam o perigo de efeitos colaterais da substância para pacientes com a Covid-19, doença causada pelo vírus. Enquanto isso, o Brasil ampliou o uso do remédio, atendendo a pedidos do presidente Jair Bolsonaro.

“Nesse momento, a cloroquina e a hidroxicloroquina não foram identificadas como eficazes para o tratamento da Covid-19. Em vez disso, existem vários estudos que alertam sobre os efeitos colaterais”, afirmou Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS.

Também nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde divulgou o novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes no início do tratamento, diante dos primeiros sintomas. Até então, a pasta recomendava o remédio apenas a doentes internados em estado grave.

O novo protocolo atenta para os riscos da cloroquina para o sistema cardiovascular e recomenda aos médicos que entreguem ao paciente um termo de consentimento para ser assinado. Doenças cardíacas são uma das principais comorbidades que agravam o quadro da Covid-19.

Mesmo não existindo nenhuma comprovação científica da eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina, Ryan enfatizou que as autoridades de saúde de cada país são livres para escolher os medicamentos a serem usados na terapia contra o vírus.

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O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou apreensão em relação à disparada de novas infecções e mortes causadas pelo coronavírus em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Na terça-feira 19, o país teve aumento diário recorde nos casos confirmados, com 17.408 infecções, e óbitos, com 1.179 mortes. No total, o Brasil soma 271.628 infecções e 17.971 mortes, tornando-se a terceira nação com mais casos no mundo e a sexta com mais mortes.

“Ainda temos um longo caminho a percorrer nessa pandemia”, disse Tedros. “Estamos muito preocupados com o aumento de casos em países de baixa e média renda.”

De fato, o recorde de casos da Covid-19 reportados à OMS em um mesmo dia em todo o mundo foi quebrado nesta terça-feira. Foram mais de 112.000 novos casos oficializados entre as 5h de segunda-feira 18 e as 5h de terça-feira.

“Nós brevemente chegaremos à marca trágica de 5 milhões de casos”, alertou Ryan. Segundo estimativa do jornal The New York Times, mais de 4,9 milhões de pessoas no mundo contraíram a Covid-19 até o final desta quarta-feira.

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O especialista Marcos Espinal, diretor de doenças transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde, alertara que os estudos mostram que a cloroquina, desenvolvida pela primeira vez na década de 1950 para combater a malária, é inútil e potencialmente perigosa no tratamento do novo coronavírus.

“Nossas recomendações são absolutamente claras de que [a cloroquina] ainda não deve ser usada e, de fato, os estudos sugerem uma taxa mais alta de efeitos secundários e problemas cardiológicos nas pessoas que as usam”, disse Espinal, em coletiva na terça-feira.

O uso da cloroquina foi causa de racha entre Bolsonaro e os dois últimos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – que deixou a pasta na sexta-feira 15 após menos de um mês no cargo. O novo protocolo do Brasil foi assinado na gestão do general Eduardo Pazuello, indicado pelo presidente para ser o número 2 do ministério e alçado a ministro interino.

(Com Reuters)

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