OMS será avaliada por sua gestão da pandemia da Covid-19
União Europeia apresenta resolução assinada por mais de 100 países para 'julgar' a agência; EUA ameaçam abandonar organização

A Organização Mundial de Saúde (OMS) consentiu nesta terça-feira, 19, em ser avaliada por sua atuação na resposta à pandemia do novo coronavírus. A resolução foi apresentada pela União Europeia durante a 73ª assembleia anual da agência de saúde e exige um parecer independente da resposta internacional, incluindo o desempenho da OMS.
O documento pede uma avaliação das recomendações da agência sobre a prevenção, os preparativos necessários e a capacidade de resposta diante da pandemia. A espécie de julgamento do órgão global de saúde foi requerida pela União Europeia em nome de mais de 100 países, incluindo Brasil, Austrália, Índia, Japão, e China, entre outros atores da comunidade internacional.
O texto pede por uma investigação “imparcial, independente e completa”.
“Queremos mais do que ninguém que haja uma prestação de contas”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Continuaremos fornecendo liderança estratégica para coordenar a resposta global.”
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No encerramento da assembleia, que pela primeira vez aconteceu de forma virtual, Tedros confirmou que esse procedimento começará assim que possível, mas afirmou que a prioridade atual é a luta contra a Covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus.
“Damos boas-vindas a qualquer iniciativa que fortaleça a seguridade sanitária global e fortaleça a OMS, que sempre está firmemente comprometida com a transparência, a adoção de responsabilidades e a melhora contínua”, disse o atual líder da agência. No perfil da organização no Twitter, ele pediu por união, esperança e fé na ciência.
"Dark & difficult days may lie ahead.
But guided by science, together we will overcome.
Let hope be the antidote to fear.
Let solidarity be the antidote to division.
Let our shared humanity be the antidote to our shared threat.
Now, more than ever"-@DrTedros#COVID19 #WHA73
— World Health Organization (WHO) (@WHO) May 19, 2020
Tedros não fez referência a uma carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicada no Twitter na madrugada de terça-feira, em que o americano ameaça reconsiderar sua participação no organismo internacional, bem como interromper permanentemente o financiamento da OMS se ela não se comprometer com melhorias em 30 dias.
This is the letter sent to Dr. Tedros of the World Health Organization. It is self-explanatory! pic.twitter.com/pF2kzPUpDv
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 19, 2020
Trump suspendeu o financiamento dos Estados Unidos à OMS em abril, acusando-a de promover “desinformação” acerca do surto de coronavírus na China, embora as autoridades da OMS tenham negado a acusação e Pequim tenha dito que foi transparente e aberta. Washington agora ameaça abandonar a organização.
O governo dos Estados Unidos é um dos críticos mais firme da OMS, apontando para supostos erros na gestão da pandemia – além de discordar sobre a origem do novo coronavírus, que o presidente Trump defende ter ocorrido em laboratório de Wuhan, na China, onde o surto começou.
(Com EFE)