Onda de calor eleva temperaturas e bate recordes em parte da Europa
Especialistas apontam que fenômeno adiantou no calendário as temperaturas que europeus teriam visto anteriormente apenas em julho e agosto
Uma onda de ar quente que se estende do Mediterrâneo ao Mar do Norte está causando a primeira grande onda de calor do verão em grande parte da Europa nesta sexta-feira, 17, com temperaturas superiores a 30ºC.
Especialistas apontam que o fenômeno precoce é um sinal do que está por vir, à medida que o aquecimento global segue em escalada, adiantando no calendário as temperaturas que os europeus teriam visto anteriormente apenas em julho e agosto.
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Na Espanha, os termômetros registraram o maior calor das últimas quatro décadas para essa época do ano. De acordo com o serviço de meteorologia local, as temperaturas devem chegar a 40ºC e 42ºC em Madri e Zaragoza, respectivamente, maiores valores desde 1981.
Já no Reino Unido as temperaturas estão tão altas que a tradicional pista de cavalos Ascot Racecourse mudou os protocolos, permitindo que os convidados tirassem seus chapéus e jaquetas após a passagem da Família Real. Na França, enquanto isso, algumas regiões chegaram a proibir a realização de eventos ao ar livre e em locais fechados sem ar-condicionado.
“Todo mundo agora enfrenta um risco para a saúde”, disse o prefeito de Gironde, Fabienne Buccio, a uma rádio local.
Na última quinta-feira, os termômetros franceses registraram 40ºC, maior índice do ano, enquanto o pico de 42ºC deve ser atingido no próximo sábado.
Outro país que vem sendo afetado pela onda de calor é a Itália. De acordo com organizações agrícolas, as regiões ao norte correm o risco de perder até metade de sua produção agrícola devido à seca, já que lagos e rios começam a registrar baixos níveis de água. A federação de empresas italianas de serviços públicos alertou nesta semana que o rio mais longo do país, Pó, está passando pela sua pior seca dos últimos 70 anos.
A onda de calor aumentou também a pressão sobre o sistema de energia europeu, já que a demanda por aparelhos de ar-condicionado corre o risco de elevar os preços, aumentando o desafio de aumentar os estoques para proteger o continente contra possíveis novos cortes de fornecimento de gás russo.
Na Península Ibérica, onde estão Espanha e Portugal, há uma preocupação maior com o aumento da temperatura causada pelas mudanças climáticas. De acordo com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a região está cada vez mais seca e o fluxo dos rios cada vez mais lento.
Na Catalunha e em Zamora, ao leste espanhol, bombeiros estão combatendo uma série de incêndios florestais, que têm se tornado cada vez mais frequentes. Estima-se que cerca de 8.500 a 9.500 hectares já foram completamente queimados nos últimos dias.
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Apesar de ter escapado dessa onda de calor, Portugal também tem motivos para se preocupar. O mês passado foi considerado o maio mais quente dos últimos 92 anos, de acordo com a agência meteorológica do país, que alertou ainda que a maior parte do território está sofrendo com uma seca severa.
Especialistas dizem que a mudança climática já está afetando os padrões de chuva e as taxas de evaporação em toda a Europa, com efeitos indiretos para a agricultura, indústria e vida selvagem.
Além do velho continente, outras partes do mundo também têm sofrido com as altas temperaturas. Nesta semana, quase um terço dos Estados Unidos estava sob alerta de forte calor. Na Índia e no Paquistão, alguns lugares registraram picos de temperatura de 50ºC