Foi tão rápido quanto a disseminação de um vírus. A indignação em torno da morte de George Floyd atravessou o Atlântico e ganhou apoio em várias capitais europeias. As aglomerações durante as manifestações, no entanto, podem aumentar os casos de Covid-19, no momento em que muitas cidades já se organizam para subir as barreiras sanitárias.
Políticos locais e da União Europeia estão preocupados com o desenvolvimento da doença nas próximas duas semanas. “Se você aconselha todos a manterem um metro e meio de distância um do outro, e eles ficam ao lado, abraçados, eu não tenho um bom pressentimento sobre isso”, diz Jozef Kesecioglu, que preside a Sociedade Europeia de Medicina de Cuidado Intensivo, durante uma conferência.
Matt Hancock, ministro britânico da Saúde, disse que as pessoas não deveriam participar de nenhum evento com mais de seis pessoas. Isso inclui, obviamente, as manifestações. “Entendo que as pessoas querem mostrar sua paixão por uma causa, com a qual se preocupam profundamente. Mas este é um vírus que prospera no contato social, independentemente de qualquer causa “, disse ele durante entrevista coletiva.
Os protestos recentes estão obrigando as autoridades a reverem suas posições em relação ao comportamento da curva de contágio. A previsão inicial era de um novo pico apenas após o verão, que está apenas começando no hemisfério norte. Agora, não há certeza se a curva pode voltar a subir, principalmente porque os efeitos do clima na pandemia ainda não estão totalmente delimitados – durante o verão, as pessoas passam mais tempo ao ar livre e isso poderia dificultar a transmissão.
Mas o comportamento do vírus em países quentes, como o Brasil, sugere que os efeitos positivos do verão europeu sobre a pandemia podem ser minimizados, principalmente se as pessoas não observarem o distanciamento social e as manifestações prosseguirem “Como qualquer doença respiratória infecciosa, os eventos em massa podem ser a principal via de transmissão. O vírus ainda está circulando, mas em menores taxas do que há algumas semanas”, explica Martin Seychell, funcionário da saúde da Comissão Europeia.
O ministro da Saúde da Itália, um dos países mais afetados pela Pandemia, se mostra preocupado: “uma segunda onda de contagio, não é certa, mas é possível “, diz.
(Com Reuters)