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ONU: 2022 tem recorde com mais de 100 milhões de refugiados registrados

Número de pessoas obrigadas a se deslocar cresce pelo 7º consecutivo

Por Maria Fernanda Firpo
Atualizado em 21 dez 2022, 15h36 - Publicado em 21 dez 2022, 15h35
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  • O ano de 2022 foi marcado por diversos acontecimentos trágicos como a guerra da Ucrânia – que desde fevereiro já matou 240 mil pessoas –, eventos climáticos extremos e episódios de xenofobia em todo mundo. Em junho, de acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), já haviam sido registrados mais de 100 milhões de refugiados, número que não para de crescer pelo sétimo ano consecutivo. 

    O aumento de pessoas obrigadas a se deslocar de seus países de origem se deve não só pelo surgimento de conflitos, mas também pela não resolução de crises antigas. Além disso, diversas nações foram atingidas pelos efeitos das mudanças climáticas, o que reconfigurou as formas de se pensar sobre o deslocamento forçado. 

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    No Paquistão, mais de 33 milhões de pessoas, incluindo refugiados, foram afetadas por inundações históricas, que deixaram um terço do país submerso. Foram as chuvas recordes de monções e o derretimento das geleiras nas montanhas, no Norte do país, a principal causa das grandes enchentes no território nacional. 

    Outros países africanos como Nigéria, Chade, Níger, Burkina Faso, Mali e Camarões foram afetados pelo por chuvas extremas, com mais de 3,4 milhões de pessoas acometidas por enchentes. As transformações abruptas do clima também prejudicaram a população europeia. A onda de calor na Europa, que registrou o verão mais quente, deixou mais de 20 mil mortos.

    O conflito da Rússia com a Ucrânia preocupou o mundo com possíveis ameaças de guerra nuclear e afetou toda economia mundial com o aumento dos preços de combustíveis, alimentos e serviços. Com a chegada do inverno rigoroso, o governo ucraniano pediu em outubro para que nenhum refugiado retornasse ao país, que sofre uma série de ataques com drones e mísseis russos. 

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    A infraestrutura energética da Ucrânia, principal alvo dos mísseis russos, foi extremamente prejudicada e milhares de pessoas ficaram sem luz e gás em meio a ventos e temperaturas abaixo de zero. No mês de novembro, mais de 7,8 milhões de refugiados ucranianos foram registrados na Europa.

    Diversos refugiados fugiram para o Brasil. Atualmente, o país já reconheceu mais de 63 mil pessoas obrigadas a fugir de seus países de origem, sendo a maioria oriundas da Venezuela, Síria e Senegal. No dia 20 de junho, quando se é comemorado o Dia Mundial do Refugiado, os brasileiros receberam uma homenagem destes imigrantes acolhidos no país por meio de uma projeção feita nas torres do Congresso Nacional, em Brasília. 

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    Apesar do agradecimento, a situação dos refugiados no Brasil ainda é marcada por brutalidade e precariedade. Em janeiro, o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi brutalmente assassinado durante o seu trabalho em quiosque na Barra da Tijuca. O jovem chegou ao Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos em busca de um ambiente seguro contra a violência que devasta a República Democrática do Congo. O país atualmente enfrenta um cenário de violência armada, operações militares e insegurança governamental.

    Além de congolês, diversos afegãos procuraram abrigo no Brasil. A crise que se iniciou em 2021, após as forças estadunidenses se retirarem do país permitindo a volta do Talibã, fez com que 5,8 mil tirassem seus vistos humanitários brasileiros, informou o Ministério das Relações Exteriores. Em mais de um ano de conflito, a Polícia Federal registrou a entrada de 2,2 mil pessoas afegãs. 

    Mas apesar dos diversos desafios, o Brasil marcou uma vitória para os refugiados ao condecorar a expatriada Maha Mamo com a insígnia da Ordem de Rio Branco, Grau Cavaleiro, pela sua luta a favor do fim da apátridia. Atualmente, os refugiados precisam viver 30 anos no país para serem reconhecidos como cidadãos. 

    No mundo todo, cerca de 10 milhões de pessoas não possuem nacionalidade ou um registro que comprovem a própria existência, o que torna esta população marginalizada e dificulta o acesso a direitos básicos.

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