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ONU alerta para ‘colapso social’ em Gaza após doze anos de bloqueio

Embargo de Israel ao território começou em 2007; mais da metade dos 2 milhões de moradores da região vivem abaixo da linha de pobreza

Por Redação
13 Maio 2019, 13h17
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  • O bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Israel a Gaza desde 2007 está causando um “colapso social” que pode exacerbar a instabilidade na região, advertiu nesta segunda-feira, 13, o responsável das Nações Unidas para os refugiados palestinos, Matthias Schmale.

    “Em um ano e meio por lá, pude ver uma mudança de humor nas pessoas, tendendo para a depressão. Não há perspectivas de futuro para 53% das pessoas desempregadas”, afirmou em entrevista o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

    Segundo Schmale, cerca de 1,3 milhão dos 2 milhões de moradores em Gaza vivem abaixo da linha de pobreza e dependem diretamente de ajuda alimentícia da UNRWA e do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

    A agência das Nações Unidas para a Palestina sofre com problemas financeiros – derivados, entre outros fatores, da retirada de ajuda por parte dos Estados Unidos, historicamente um dos principais doadores – e segundo Schmale necessita urgentemente de 40 milhões de dólares para garantir a manutenção do auxílio humanitário dos palestinos pelos próximos seis meses.

    O representante da UNRWA acrescentou que a má situação econômica e social está produzindo um aumento do consumo de drogas, da prostituição e dos suicídios em Gaza.

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    “Gaza não é uma crise humanitária produzida por um tsunami, um terremoto ou uma guerra, mas é resultado do fracasso político na busca por uma solução para estes doze anos de bloqueio”, afirmou.

    Após um 2018 marcado pelas Marchas do Retorno, nas quais as forças israelenses deixaram duzentos mortos e mais de 30 mil feridos, Schmale advertiu ainda sobre uma possível escalada do conflito no aniversário de um ano da mudança da embaixada americana para Jerusalém, em 14 de maio.

    A comemoração dos setenta anos da Nakba, data em que os árabes relembram a expulsão dos palestinos de suas terras entre 1946 e 1949, também pode incentivar esta violência, embora o representante da UNRWA tenha expressado confiança “na mediação do Egito, Catar e do coordenador da ONU, Nikolai Mladenov, para ajudar a acalmar as coisas”.

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    No início do mês, a violência voltou a se intensificar na região da Faixa de Gaza em razão dos disparos de foguetes da região, com bombardeios de Israel como resposta. As ações causaram ao menos 25 mortes: quatro civis israelenses e 21 palestinos, dos quais doze eram membros de grupos islâmicos.

    Entre os integrantes do Hamas mortos está um combatente que Israel identifica como responsável por intermediar o dinheiro enviado ao grupo pelo governo do Irã. Ao todo, foram disparados 250 foguetes do lado palestino, o maior número já lançado contra Israel em um único dia nos últimos anos.

    Dias depois, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou resposta em massa aos ataques palestinos. “Dei a instrução ao exército de continuar com seus ataques maciços contra elementos terroristas da Faixa de Gaza, e ordenei reforçar as tropas mobilizadas ao redor, com tanques, artilharia e tropas”, disse, no início do conselho semanal de ministros.

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    Violência na Cisjordânia

    No outro território palestino, a diretora da UNRWA para a Cisjordânia, Gwyn Lewis, destacou que houve um aumento dos problemas econômicos e sociais também em seu território, corroborados pelas constantes incursões de forças israelenses nos 90 campos de refugiados palestinos administrados pela ONU por lá.

    “Temos cerca de duas batidas a cada semana e isto tem um alto impacto na população civil, nos acampamentos em que vivem cerca de 280 mil refugiados palestinos”, declarou Lewis, denunciando a detenção de cerca de 550 menores nestas operações.

    Lewis lamentou também que os problemas financeiros da UNRWA obrigaram a redução de alguns programas educativos e sanitários na Cisjordânia, além de forçar a demissão de 150 pessoas.

    (Com EFE)

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