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ONU denuncia uso de força excessiva e tortura na Venezuela

Desde abril, mais de cinco mil pessoas foram detidas de maneira arbitrária. Pelo menos 100 permanecem presas

Por Da redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h24 - Publicado em 8 ago 2017, 11h06

A ONU denunciou nesta terça-feira, o uso generalizado e sistemático de força excessiva, assim como de tortura, durante os protestos na Venezuela, e acusou as forças de segurança e as milícias pró-governo de responsabilidade pela morte de, pelo menos, 73 manifestantes.

“As entrevistas realizadas a distância (…) sugerem que tem acontecido na Venezuela um uso generalizado e sistemático de força excessiva e detenções arbitrárias contra os manifestantes”, declarou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, em um comunicado.

Milhares de pessoas foram detidas arbitrariamente. Muitas delas foram vítimas de maus-tratos e inclusive de torturas”, completa o texto.

Como as autoridades da Venezuela vetaram o acesso dos investigadores da ONU ao país, Zeid solicitou a uma equipe de especialistas em direitos humanos que realizasse 135 entrevistas a distância com vítimas e familiares, além de testemunhas, jornalistas, advogados, médicos e um funcionário da Procuradoria Geral.

“Até 31 de julho, o gabinete da Procuradoria Geral havia investigado 124 mortes no contexto das manifestações. De acordo com a análise da equipe de direitos humanos da ONU, as forças de segurança são responsáveis por pelo menos 46 mortes, enquanto os grupos armados pró-governo, denominados ‘coletivos armados’, seriam responsáveis por outros 27 falecimentos”, afirma o comunicado.

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A equipe da ONU não conseguiu determinar a responsabilidade pelos outros óbitos.

“As forças de segurança infligiram tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes aos detidos, e em algumas ocasiões recorreram à tortura”, alertou o alto comissário. Há relatos do uso de choques elétricos, da prática de suspender os réus pelos pulsos durante períodos prolongados, asfixiá-los com gases e ameaças de morte – e, em alguns casos, com violência sexual – a eles e a seus familiares.

A respeito do número de pessoas detidas, nenhum dado oficial foi publicado, mas os cálculos mais fidedignos indicam que, de 1º de abril — quando começaram as manifestações de 2017 — até 31 de julho, mais de 5.051 pessoas sofreram detenções arbitrárias, segundo o texto. Mais de 1000 pessoas permanecem detidas.

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“As violações acontecem em plena ruptura do Estado de Direito na Venezuela, com ataques constantes do governo à Assembleia Nacional e à Procuradoria Geral”, completou Zeid.

“A responsabilidade pelas violações dos direitos humanos que estamos registrando corresponde aos mais elevados níveis do governo”, concluiu.

O alto comissário pediu às autoridades venezuelanas o fim imediato do uso excessivo da força contra os manifestantes, que cessem as detenções arbitrárias e libertem todas as pessoas que foram detidas arbitrariamente.

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(Com AFP)

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