ONU diz que Mianmar planejou ataques contra minoria rohingya
Desde o fim de agosto, cerca de 655 mil rohingyas fugiram de Mianmar para Bangladesh; ONU já comparou a situação da minoria muçulmana a 'limpeza étnica'
Por Da Redação
Atualizado em 18 dez 2017, 23h23 - Publicado em 18 dez 2017, 23h13
Refugiados rohyngias caminham por uma trilha em um campo de arroz, na travessia entre as fronteiras de Myanmar e Bangladesh - 08/09/2017 (Danish Siddiqui/Reuters)
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O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse nesta segunda-feira à AFP que Mianmar planejou a perseguição da minoria muçulmana rohingya, provocando um êxodo em massa.
“Para nós está claro que essas operações foram organizadas e planejadas”, afirmou em uma entrevista sobre a perseguição da minoria, que teria deixado milhares de mortos e obrigado 655 mil rohingyas a fugir para Bangladesh desde agosto.
1/33 Cerca de 400 mil refugiados rohingya fugiram para Bangladesh desde o final de agosto durante o surto de violência no estado de Rakhine, em Mianmar - 26 /09/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
2/33 Hamida, refugiada rohingya chora enquanto segura seu filho de 40 dias, que morreu depois do naufrágio de um barco, em Teknaf, Bangladesh - 14/09/2017 (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)
3/33 Homem rohingya toma banho ao lado de fora de seu abrigo, em um campo de refugiados em Bangladesh - 13/09/2017 (Danish Siddiqui/Reuters)
4/33 Refugiados Rohingya recebem pedaços de bambu para fazer uma cabana no campo de refugiados Balukhali em Cox's Bazar, Bangladesh - 11/10/2017 (Zohra Bensemra/Reuters)
5/33 Refugiada rohingya chora com seu filho nos braços ao chegar em Bangladesh - 12/09/2017 (Dan Kitwood/Getty Images)
6/33 Um refugiado rohingya é fotografado deitado em seu abrigo no acampamento de Kutupalong, no Bangladesh - 20/10/2017 (Zohra Bensemra/Reuters)
7/33 Nasir Ahmed, um refugiado Rohingya chora quando segura seu filho de 40 dias, que morreu quando um barco virou na margem de Shah Porir Dwip enquanto atravessava a fronteira de Myanmar para Bangladesh, em Teknaf - 14/09/2017 (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)
8/33 O fotógrafo Cathal McNaughton capta o olhar de um refugiado rohingya no acampamento Cox's bazar, em Bangladesh, enquanto espera receber ajuda - 27/09/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
9/33 Um garoto rohingya é fotografado andando na chuva pelo acampamento de refugiados Cox' Bazar, em Bangladesh - 20/09/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
10/33 Refugiados rohingyas recém chegados à Bangladesh aguardam para serem levados até o acampamento Cox's Bazar, onde se encontram outros milhares de muçulmanos - 02/10/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
11/33 Um menino rohingya é visto se banhando no campo de refugiados Cox's Bazar, em Bangladesh - 21/09/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
12/33 Um garoto rohingya é visto empinando pipa no acampamento de refugiados em Cox's Bazar, no Bangladesh - 10/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
13/33 Uma refugiada rohingya chega exausta a Bangladesh após fugir de barco de Myanmar - 11/09/2017 (Danish Siddiqui/Reuters)
14/33 A idosa Boduuzzol Kharun, 97, é carregada por membros da sua família depois de atravessar a fronteira Bangladesh-Mianmar, em Teknaf, Bangladesh - 25/10/2017 (Adnan Abidi/Reuters)
15/33 Jayed Ullah, uma menina refugiada rohingya, de seis meses, é carregada por sua mãe, no campo de refugiados de Palong Khali, perto de Cox's Bazar, em Bangladesh - 30/10/2017 (Hannah McKay/Reuters)
16/33 Um menino refugiado Rohingya, que atravessou a fronteira de Myanmar esta semana, se refugia na Escola Primária de Long Beach, no campo de refugiados de Kutupalong, perto de Cox's Bazar, Bangladesh - 23/10/2017 (Hannah McKay/Reuters)
17/33 Crianças rohingyas refugiadas brincam nas águas de um pequeno riacho que passa pelo campo de Kutupalong, em Cox's Bazar, no Bangladesh - 06/10/2017 (Paula Bronstein/Getty Images)
18/33 Os refugiados Rohingya fazem filas para receber ajuda humanitária no campo de refugiados de Kutupalong, em Cox's Bazar, no Bangladesh - 20/10/2017 (Zohra Bensemra/Reuters)
19/33 Chegada de 15.000 refugiados rohingyas em Bangladesh (Reprodução/Youtube)
20/33 Jovens muçulmanos rohingyas ficam atrás de uma barricada de bambu para coletar comida cozida no campo de refugiados de Thankhali, no distrito de Ukhia, em Bangladesh - 10/11/2017 (Dibyangshu Sarkar/AFP)
21/33 Um grupo de refugiados rohingyas sentados em jangadas são interrogados pelo Guarda das fronteiras de Bangladesh logo após cruzarem a fronteira com Myanmar - 09/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
22/33 Refugiados rohingyas recém chegados à Bangladesh aguardam para serem levados até o acampamento Cox's Bazar, onde se encontram outros milhares de muçulmanos - 02/10/2017 (Cathal McNaughton/Reuters)
23/33 Refugiados rohingya atravessam em uma jangada improvisada pelo Rio Naf para chegar a Bangladesh, onde se abrigarão no acampamento para refugiados de Cox's Bazar - 13/11/2017 (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)
24/33 Menino refugiado Rohingya joga bola com seus amigos no campo de refugiados de Palong Khali, perto de Cox's Bazar, Bangladesh - 14/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
25/33 Um garoto refugiado rohingya corta os cabelos de maneira improvisada no acampamento de Cox's Bazar, no Bangladesh - 15/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
26/33 Crianças rohingya são fotografadas no campo de refugiados de Moynerghona, no distrito de Ukhia , em Bangladesh - 30/10/2017 (Tauseef MUSTAFA/AFP)
27/33 Mulher caminha com uma criança no colo no campo de refugiados de Balukhali, no distrito bengali de Ukhia - 23/11/2017 (Munir Uz Zaman/AFP)
28/33 Crianças refugiadas rohingya brincam em uma estrada no campo de refugiados de Balu Khali perto de Cox's Bazar, Bangladesh - 16/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
29/33 Refugiados caminham na praia após atravessarem a fronteira entre Mianmar e Bangladesh - 21/11/2017 (Navesh Chitrakar/Reuters)
30/33 Hosne Ara, um rohingya de 4 anos, refugiado a 2 meses é fotografado no centro para crianças no campo de refugiados de Kutupalong, perto de Cox's Bazar, no Bangladesh - 06/11/2017 (Hannah McKay/Reuters)
31/33 Homem auxilia na distribuição de cobertores para os refugiados roghingya do acampamento de Cox's Bazar, no Bangladesh - 05/12/2017 (Ed Jones/AFP)
32/33 Criança refugiada rohingya chora enquanto se senta no campo de refugiados de Kutupalong no Coaz's Bazar em Bangladesh - 04/12/2017 (Ed Jones/AFP)
33/33 Tumulto durante distribuição de alimentos em campo de refugiados rohingya em Bangladesh - 28/11/2017 (Ed JONES/AFP)
“Não se pode excluir a possibilidade de atos de genocídio“, enfatizou.
No dia 11 de setembro, cerca de três semanas após os embates entre extremistas rohingya e o exército de Mianmar, que deram início à mais recente crise na região, Al Hussein afirmou que o tratamento à minoria se assemelhava a um “exemplo clássico de limpeza étnica”.
Três dias mais tarde, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também declarou que a situação “só pode ser descrita como limpeza étnica”.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse na quinta-feira (14) que ao menos 6.700 rohingyas morreram no primeiro mês da ofensiva do exército birmanês contra rebeldes do oeste desse país.
Desde o início da campanha do Exército, mais de 655 mil membros desta minoria muçulmana fugiram cruzando a fronteira com Bangladesh para se refugiar no distrito de Cox’s Bazar.
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O governo birmanês negou as acusações e declarou que a ação do Exército foi uma resposta proporcional aos ataques de militares rohingyas contra postos policiais em agosto, nos quais morreram 25 pessoas, entre elas uma dúzia de agentes.
Mas, segundo Zeid, as provas não sustentam essa hipótese, assinalando que no ano passado já havia sido registrado um aumento da violência que obrigou 300 mil rohingyas a fugirem para Bangladesh.
O escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, que teve o acesso à região do oeste de Mianmar negado por diversas vezes, publicou em fevereiro um relatório das denúncias de refugiados de Cox’s Bazar que falavam em “crimes horrendos; de crianças perseguidas e degoladas”, disse Zeid.
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“Suspeito que a primeira operação fosse um ensaio para a segunda”, considerou.
Zeid não dá crédito à tese da repressão dos rebeldes e destacou que os civis foram claramente o alvo. “Por que se deter em uma criança se o seu objetivo é um rebelde?”, perguntou.
Contudo, o alto comissário afirmou que serão os tribunais que irão determinar se de fato houve genocídio, mas disse que “não acredita que se possa excluir ou descartar essa possibilidade”.
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