ONU e UE pedem solução política para o fim do conflito na Síria
Organizadores da Conferência de Doadores, em Bruxelas, esperam arrecadar 9 bilhões de dólares para a ajuda aos deslocados na Síria e aos refugiados
A representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Federica Mogherini, e o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) na Síria, Staffan de Mistura, pediram nesta terça-feira 24, em Bruxelas, a cessação das hostilidades no país “por razões políticas e humanitárias”. A guerra civil na Síria se arrasta há mais de sete anos.
As declarações foram feitas na abertura da Conferência de Doadores para o auxílio a 5 milhões de refugiados sírios nos países vizinhos e dos 6,1 milhões de deslocados internos. Neste ano, os organizadores do evento esperam arrecadar 9 bilhões de dólares.
Segundo Mark Lowcok, responsável pelos assuntos humanitários e pelo resgate de emergência da ONU, serão necessários 3,5 bilhões de dólares para a ajuda humanitária na Síria. Outros 5,6 bilhões de dólares seriam usados no apoio aos refugiados .
“Mais atividade militar não abre a via para uma solução política. Torna-a mais difícil. Precisamos silenciar as armas por motivos humanitários e políticos”, afirmou Mogherini, durante a abertura da conferência.
Amanhã, Mogherini espera “aprofundar a discussão política” durante reunião de 85 delegações nacionais, entre as quais as da Rússia e Irã, países que apoiam o regime de Bashar Al-Assad, presidente da Síria. No ano passado, ambos os países se esquivaram da conferência. Nem o governo nem a oposição síria estarão presentes.
Mogherini ressaltou que a Síria “não é um tabuleiro de xadrez nem um jogo político”. “Precisamos de negociações sérias em Genebra e devemos ter (o governo de) Damasco sentado à mesa”, insistiu Mogherini, alertando para o risco de que, sem uma solução política, poderá ocorrer uma catástrofe.
“O certo é que todo mundo tem uma solução política diferente, por isso precisamos trabalhar nisso. É tempo para a alta diplomacia”, completou De Mistura.
De Mistura também alertou para a situação na província de Idlib, fronteiriça com a Turquia, que corre o risco de transformar-se em “uma nova Aleppo ou Ghouta”, cidades que enfrentaram dramática situação humanitária dramática por causa dos ataques.
“Há necessidade de baixar a temperatura e buscar espaço para a diplomacia. Na Síria há uma divisão a se resolver”, acrescentou De Mistura.
O alto-comissário da ONU para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, declarou na abertura da conferência que as “Nações Unidas esgotaram seus recursos” na solução desta que é “a maior crise do mundo”. “Estamos testemunhando um dos maiores fracassos políticos do início do século XXI”, disse.
A Conferência de Doadores se dá no momento em que uma equipe de especialistas investiga o suposto ataque químico de 7 de abril contra o reduto rebelde de Duma, nas proximidades de Damasco. Estados Unidos, França e Inglaterra desferiram ataque militar a dois pontos da Síria em represália.
(Com EFE)