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ONU: Irã cometeu crimes contra humanidade durante repressão a protestos

Morte de jovem curda nas mãos da polícia levou milhares às ruas em 2022; comissão diz que Teerã assassinou, prendeu, torturou e estuprou manifestantes

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2024, 12h33 - Publicado em 8 mar 2024, 08h49
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  • A missão das Nações Unidas que averiguou a repressão de uma onda de protestos que tomou o Irã em 2022 afirmou, nesta sexta-feira, 8, que o regime dos aiatolás cometeu crimes contra a humanidade. A Fact-Finding Mission (FFM, missão para encontrar fatos) divulgou um relatório descrevendo que as autoridades e forças de segurança assassinaram, prenderam, torturaram e estupraram manifestantes.

    Em setembro de 2022, eclodiu um movimento de rua no Irã, em resposta à morte de uma jovem curda, Mahsa Amini, na prisão. Ela foi detida pela polícia da moralidade, por violar as estritas regras sobre o uso do hijab, véu islâmico obrigatório para mulheres. Dois meses depois, o conselho de direitos humanos das Nações Unidas estabeleceu uma missão para averiguar a repressão aos protestos.

    Segundo a Human Rights Watch, mais de 500 pessoas, incluindo 68 crianças, foram mortas pelas forças de segurança durante os protestos. Estima-se que mais de 20 mil manifestantes foram presos.

    Perseguição contra mulheres

    O relatório afirma ter descoberto que alguns dos detidos e detidos pelas autoridades foram sujeitos a espancamentos e violações, choques, nudez forçada e agressão sexual, incluindo de crianças. As torturas foram usadas, segundo as Nações Unidas, para obter confissões forçadas dos detidos.

    Além disso, nove execuções de presos ocorreram “sem julgamento justo“, o que “equivale à privação ilegal e arbitrária do seu direito à vida”, disse a missão, informando ainda que o governo iraniano se recusou a colaborar com as suas investigações.

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    “A missão estabeleceu que muitas das graves violações dos direitos humanos constituem crimes contra a humanidade – especificamente os de homicídio; prisão; tortura; estupro e outras formas de violência sexual; perseguição; desaparecimentos forçados e outros atos desumanos – que foram cometidos como parte de um ataque generalizado e sistemático dirigido contra uma população civil, nomeadamente mulheres, meninas e outras pessoas que expressam apoio aos direitos humanos”, disse o relatório, acrescentando que o regime iraniano pratica perseguição contra o gênero feminino.

    Ataque sistemático contra civis

    Sara Hossain, presidente da FFM, declarou que a repressão aos protestos de 2022 fazem parte de um quadro maior, em que o regime iraniano ataca “sistematicamente” a população do país.

    “Estes atos fazem parte de um ataque generalizado e sistemático dirigido contra a população civil no Irã, especialmente contra mulheres, meninas, meninos e homens que exigem liberdade, igualdade, dignidade e responsabilização”, disse ela.

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    Espera-se que a equipe apresente as suas conclusões e recomendações em um relatório detalhado de 400 páginas às Nações Unidas no final de março, em Genebra.

    A repressão, porém, não terminou em 2022. De acordo com o último relatório da ONG Anistia Internacional, divulgado esta semana, as autoridades iranianas lançaram uma campanha draconiana para impor as leis obrigatórias do hijab às mulheres e meninas.

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