ONU suspende ajuda humanitária em Gaza após novas ordens de retirada de Israel
Embora o auxílio tenha sido interrompido, agências do órgão não deixaram o enclave e estão a procura de lugar seguro para continuar operações
As Nações Unidas interromperam nesta segunda-feira, 26, as operações de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A suspensão ocorre um dia após Israel emitir novas ordens de retirada de civis palestinos para a cidade de Deir al-Balah, de onde moradores fogem desde semana passada em razão da expansão dos ataques israelenses. Um alto funcionário da ONU, sob condição de anonimato, disse à agência de notícias Reuters que a “situação atual” do conflito impede que o órgão permaneça em atividade no enclave palestino.
Embora o auxílio tenha sido interrompido, as agências das Nações Unidas não deixaram o enclave e estão a procura de um lugar seguro para continuar o trabalho. “Não vamos sair da (Faixa de Gaza), porque as pessoas precisam de nós lá. Estamos tentando equilibrar a necessidade da população com a necessidade de segurança dos funcionários da ONU”, explicou ele na entrevista.
Desde a eclosão da guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro do ano passado, mais de 40 mil palestinos foram mortos em bombardeios israelenses e cerca de 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas internamente, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). O alto funcionário destacou, ainda, que a escalada do conflito forçou, em diferentes momentos, a ONU a “adiar ou fazer uma pausa” no suporte aos civis.
Situação humanitária em Gaza
Ainda nesta segunda-feira, o diretor sênior da UNRWA, Sam Rose, destacou que a agência enfrenta desafios por estar sendo restringida a “áreas cada vez menores em Gaza”.
“A zona humanitária declarada por Israel encolheu. Agora é cerca de 11% de toda a Faixa de Gaza. Mas isso não é 11% de terra adequada para habitação, adequada para serviços, adequada para a vida”, explicou Rose.
As críticas ocorrem no mesmo dia em que Programa Mundial de Alimentos (PMA), também da ONU, advertiu que só conseguiu trazer “metade das 24 mil toneladas de ajuda alimentar necessárias para operações que atendem 1,1 milhão de pessoas”. O auxílio foi “severamente prejudicado pelo conflito intensificado, pelo número limitado de passagens de fronteira e pelas estradas danificadas”, acrescentou o órgão.