ONU teme que tensão em Gaza piore nos próximos dias
Em reunião do Conselho de Segurança, foi pedido que Israel só utilize 'força letal' como último recurso
A ONU afirmou nesta sexta-feira que teme que a situação em Gaza se deteriore nos próximos dias e pediu que Israel só utilize “força letal” como último recurso. As afirmações foram feitas pelo subsecretário de Assuntos Políticos da ONU, Tayé-Brook Zerihoun, em uma reunião de emergência convocada pelo Conselho de Segurança para analisar a violência registrada nesta sexta-feira na Faixa de Gaza.
Pelo menos dezesseis palestinos morreram e cerca de 2.000 ficaram feridos na Marcha do Retorno, um protesto organizado pelo Hamas na fronteira entre Gaza e Israel.
A reunião do Conselho de Segurança seria fechada, mas, ao não haver consenso sobre a publicação de uma declaração conjunta no fim do encontro, decidiu-se que o encontro fosse aberto.
No relatório apresentado ao Conselho, Zerihoun fez um relato das diferentes informações recebidas pela ONU sobre os incidentes violentos e disse que estava monitorando de perto a situação. “Existe o temor que a situação possa se deteriorar nos próximos dias. É imperativo que as crianças não sejam utilizadas como alvo”, afirmou o subsecretário de Assuntos Políticos da ONU.
Zerihoun pediu que as tropas israelenses assumam uma postura de “máxima contenção”, a fim de evitar mais mortes. “A força letal só deve ser usada como último recurso”, disse Zerihoun, que pediu uma “adequada investigação” sobre os fatos ocorridos hoje.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, por meio de um porta-voz, afirmou estar “profundamente preocupado” com a violência em Gaza e pediu uma investigação independente e transparente. “Essa tragédia ressalta a urgência de revitalizar o processo de paz na região”, afirmou o porta-voz, Farhan Haq.
A reunião do Conselho de Segurança, convocada a pedido do Kuwait, durou cerca de duas horas e meia. Algumas das principais potências, como Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia, estavam representadas por diplomatas de segundo ou terceiro escalão.
Nenhum representante de Israel participou do encontro. Como convidado, Riyad Mansour, diplomata palestino, considerou como “massacre” os fatos registrados nesta sexta-feira. “A maioria dos manifestantes era pacífica, não representava nenhuma ameaça para as forças de segurança de Israel”, disse Mansour.