Opaq quer exumar corpos para investigar suposto ataque químico na Síria
Chefe da organização acredita que a exumação poderia apontar confirmar se vítimas foram ou não expostas a um ataque químico
Especialistas da Organização de Proibição de Armas Químicas (Opaq) querem exumar os corpos das supostas vítimas de um ataque químico ocorrido em Duma, na Síria, no dia 7 de abril. Uma missão de investigação entrou na cidade no dia 21 de abril, após diversas tentativas anteriores de entrada em possível local de ataque.
Em entrevista ao Financial Times, o chefe da organização, Ahmet Uzumcu, afirmou que a equipe está cogitando exumar os corpos para poder indicar se de fato eles foram expostos a algum agente químico. Segundo Uzumcu, o time já recolheu mais de 100 amostras do ambiente, mas essas elas se deterioram rapidamente e somente uma análise direta dos corpos poderia apontar com exatidão a presença de algum agente.
Além disso, a missão da Opaq só conseguiu entrar em Duma duas semanas após a morte das 48 pessoas, o que poderia influenciar o resultado das análises das amostras colhidas. “Estamos procurando maneiras de exumar, se possível, os corpos já enterrados e levar algumas amostras biomédicas”, afirmou Uzumcu.
As potências ocidentais acusam o governo de Bashar Al-Assad de ter perpetuado um ataque químico na cidade, possivelmente com gás cloro ou sarín, algo que tanto o regime sírio quanto seu maior aliado, a Rússia, negam. Segundo Damasco e Moscou, o ataque foi conduzido por grupos rebeldes a fim de incentivar retaliação por parte das potências.
No dia 14 de abril, Estados Unidos, França e Reino Unido coordenaram um ataque aéreo contra bases sírias onde supostamente haveria armas químicas. Esses países também acusam Assad de ter impedido o acesso da Opaq à cidade e alterado evidências da presença do gás químico. De acordo com o especialista da organização, essas potências se mostraram a favor da exumação dos corpos.
Uzumcu afirmou ao jornal que o relatório sobre Duma ainda pode demorar meses para ficar pronto.