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Operação mercenária na Venezuela é distração, avalia embaixador dos EUA

Todd Chapmann afirma que Washington nada tem a ver com a tentativa de invasão ao país sul-americano e que o importante é sua redemocratização

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 8 Maio 2020, 14h05 - Publicado em 8 Maio 2020, 14h04

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, considerou como uma “distração” do objetivo maior de redemocratizar a Venezuela o episódio da detenção de supostos mercenários contratados para derrubar o regime de Nicolás Maduro. Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 8, Chapmann sublinhou que o presidente americano, Donald Trump, foi bastante claro ao declarar que seu governo não tem nada a ver com os fatos ocorridos no domingo 3 no país sul-americano.

“O importante é não se distrair. O importante é como a Justiça e a democracia vão ser reinstaurados na Venezuela”, afirmou. “Vamos nos concentrar nisso e na defesa do acordo de transição que anunciamos em março”, completou, referindo-se ao plano de transição democrática apresentado pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, mas cuja autoria foi de Juan Guaidó, o líder opositor autoproclamado presidente interino da Venezuela.

Três senadores democratas americanos pediram nesta quinta-feira que a Casa Branca explique se tinha conhecimento sobre a tentativa de ataque. “Maduro é um ditador, e o povo venezuelano merece viver novamente em uma democracia, mas isso só será conseguido através de uma diplomacia vigorosa e efetiva, não de aventuras militares”, diz o texto enviado ao secretário de Estado, Mike Pompeo, ao procurador-geral, William Barr, e ao diretor interino de Inteligência Nacional, Richard Grenell pelos parlamentares Chris Murphy, Tim Kaine e Tom Udall, membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado.

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, apelou na quinta-feira 7 para que a comunidade internacional se pronuncie sobre o episódio, que considera como agressão dos Estados Unidos contra o país sul-americano em um momento de crise de saúde pública.

A celeuma diz respeito à interceptação de uma suposta operação mercenária no litoral do país. Vindos em lanchas da Colômbia, combatentes entraram em choque com as forças de segurança venezuelanas, que mataram oito deles e prenderam outros 13. Dois dos detidos seriam os ex-militares das Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos Luke Denman e Airan Berry, contratados pela empresa de segurança Silvercorps, da Flórida. Seus passaportes americanos foram mostrados pelo próprio Maduro, que acusa Juan Guaidó e lideranças da Assembleia Nacional de estarem envolvidos na tentativa de derrubá-lo.

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A televisão estatal da Venezuela exibiu nesta quinta um vídeo em que Berry diz que os objetivos da missão eram controlar alvos específicos, como o Serviço de Inteligência Bolivariana (Sebin), e “pegar” o ditador venezuelano. Cópia de um suposto contrato firmado por Guaidó com a Silvercorps para “uma operação para capturar/ deter/ remover Nicolás Maduro” e instalar o presidente interino na Presidência foi obtida pelo jornal The Washington Post. O documento traz a assinatura de Guaidó e do deputado Sergio Vergara e a data de 16 de novembro.

Na quarta-feira, Juan José Rendón, chefe do Comitê de Estratégia de Guaidó, admitiu ter assinado um contrato com um representante da Silvercorp, Jordan Goudreau, a quem pagou 50 mil dólares por “serviços gerais”. Goudreau prontamente afirmou que o governo americano não estava informado sobre a operação.

A VEJA, Guaidó negou participação e levantou  suspeitas de atuação de agentes infiltrados pelo regime no grupo de mercenários.

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