Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Oposição apresenta pedido de impeachment contra presidente do Paraguai

Conversas vazadas por jornal revelam que Mario Abdo manteve acordo de Itaipu secreto e mencionam pressão do Brasil

Por Da Redação
Atualizado em 6 ago 2019, 16h24 - Publicado em 6 ago 2019, 15h50
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Partidos da oposição entraram com um pedido de impeachment contra o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, seu vice, Hugo Velázquez, e o ministro da Fazenda, Benigno López, nesta terça-feira, 6. Os três são acusados pela oposição de esconder informações de relevância pública durante as negociações com o Brasil de um acordo sobre a hidrelétrica de Itaipu.

    O documento de 172 páginas foi entregue por deputados do Partido Liberal e outras legendas aliadas por volta do meio-dia desta terça (13h em Brasília). O argumento principal do pedido de impeachment se baseia na alegação de “mau desempenho das funções”, segundo o deputado Celso Kennedy.

    “Vimos que as pessoas que deveriam ter responsabilidade nessa negociação não o fizeram ou fizeram com negligência, enquanto outros superaram suas funções, pessoas que não tinham nada a ver com o processo de tomada de decisões”, disse ele ao jornal ABC Color.

    A oposição vinha ameaçando apresentar o pedido de impeachment desde a semana passada. A iniciativa perdeu força na sexta-feira 1, depois que Brasil e Paraguai cancelaram o acordo energético que gerou insatisfação no país vizinho.

    Durante o final de semana, contudo, a oposição voltou a se organizar. Para que o afastamento do presidente seja aprovado pela Câmara dos Deputados, a oposição precisa do apoio do Honor Colorado, movimento dissidente do partido de governo liderado pelo ex-presidente Horacio Cartes.

    Continua após a publicidade

    O partido havia anunciado sua intenção de se unir à petição de julgamento político contra o presidente, mas após a suspensão do acordo a liderança da legenda retirou seu apoio à oposição.

    Diálogos vazados

    Nesta terça, o jornal ABC Color publicou uma série de diálogos entre Mario Abdo Benítez e o ex-presidente da Ande, a estatal energética do Paraguai, Pedro Ferreira. A troca de mensagens no WhatsApp mostra que o líder paraguaio foi pressionado pelo Brasil para aceitar e cumprir os termos da ata sobre a venda de energia de Itaipu e pediu, ele próprio, para que o acordo fosse mantido em sigilo.

    Nos diálogos, que vão de março a julho, Abdo Benítez ainda pressiona Ferreira para apressar as negociações e diz que um acordo é fundamental para “movimentar a economia”, ignorado as preocupações do então presidente da Ande de que os termos fossem prejudiciais para o Paraguai.

    Continua após a publicidade

    Anteriormente, o presidente paraguaio havia dito que não conhecia os detalhes do acordo e que deixou a maior parte das negociações a cargo do então ministro das Relações Exteriores, Luis Castiglioni, e do embaixador no Brasil, Hugo Saguier. Os dois renunciaram após a crise envolvendo o tratado energético.

    Abdo Benítez também negou, em entrevista ao ABC Color antes da revelação desta terça, que tenha sofrido pressão do Brasil para aceitar o acordo.

    A assinatura do pacto, em maio passado, desencadeou uma crise política que custou os cargos de Castiglioni, Saguier e de outras duas autoridades paraguaias. Pedro Ferreira já havia apresentado sua renúncia anteriormente.

    Continua após a publicidade

    As duas casas do Congresso, de maioria oposicionista, consideraram o pacto como “entreguismo” ao Brasil e votaram pela sua anulação, posteriormente ratificada por Abdo.

    A população paraguaia também protestou contra a forma como o acordo foi negociado. As partes assinaram o pacto em maio, mas seu conteúdo só foi conhecido publicamente há duas semanas.

    A polêmica principal envolve os valores e o destino da chamada energia excedente. Pelos termos do tratado original de Itaipu, firmado em 1973, o Paraguai tem direito a 50% da energia ali gerada, e o Brasil paga ao país pela parcela que não é consumida — uma conta absorvida, a rigor, pelos consumidores brasileiros. Uma queixa antiga do Brasil é que o vizinho não declara tudo o que consome (15% dos tais 50%) e ainda usa o excedente como insumo barato para atrair investimentos.

    Continua após a publicidade

    O documento assinado pelos chanceleres dos dois lados em maio estabeleceria que o consumo declarado paraguaio aumentaria gradativamente até 2022.

    A hidrelétrica de Itaipu tem caráter binacional e, em suas contas, não deve proporcionar lucratividade para nenhum dos lados. A usina, porém, foi construída com recursos brasileiros. Também partiu do Brasil a maior parte dos investimentos para a instalação do linhão de Itaipu a Assunção, que começou a ser energizado apenas em 2013, financiados pelo Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) ao custo total de 320 milhões de dólares.

    O escândalo foi a primeira grande crise a abalar Abdo, que é próximo do presidente Jair Bolsonaro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse na semana passada que tentativas de remover o líder paraguaio criam o risco de uma “ruptura da ordem democrática”.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.