Oposição denuncia tortura como causa da morte de militar venezuelano preso
Juan Guaidó e demais opositores dizem que capitão de corveta prestou depoimento bastante ferido, acusado de complô contra o governo de Maduro
Autoridades da Venezuela confirmaram a morte de um oficial militar detido sob a acusação de participar de um suposto plano de “golpe de Estado” que incluiria o assassinato do ditador Nicolás Maduro.
Na noite deste sábado, 29, o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó denunciou o morte do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo e disse que o militar teria sido torturado na prisão. As versões oficiais são divergentes.
Na manhã deste domingo, 30, o Parlamento da Venezuela, de maioria opositora, pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) para investigar a morte. O pedido foi encaminhado a Michelle Bachelet, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Semana passada, a ex-presidente do Chile visitou o país durante três dias e defendeu a libertação de opositores detidos, que, segundo a ONG Foro Penal, chegam a 800.
As decisões do Parlamento, porém, são consideradas nulas desde que uma Assembleia Constituinte 100% pró-governo assumiu suas funções.
Além de Acosta, outras 12 pessoas foram detidas pelo mesmo suposto complô.
Em nota divulgada neste domingo, 30, o Grupo de Lima, composto por 14 países latino-americanos, condenou o assassinato do capitão de corveta, repudiando as “contínuas práticas de detenções arbitrárias e tortura as quais o regime de Nicolás Maduro submete aqueles que considera seus opositores”,
O promotor-chefe Tarek Saab, indicado pela Assembleia Nacional Constituinte, disse via Twitter que seu escritório vai abrir uma investigação sobre o incidente, sem descrever a causa da morte.
As versões sobre o ocorrido apresentadas pelo ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, e pelo comunicado oficial do Ministério da Defesa são divergentes.
Segundo o ministério, o capitão de corveta teria desmaiado antes de uma audiência judicial, “razão pela qual o juiz ordenou seu traslado imediato para o hospital”, onde, apesar da atenção médica, veio a falecer.
Já de acordo com o ministro de Comunicação, homem tinha sido acusado “de graves atos de terrorismo, conspiração e tentativa de assassinato” por um tribunal competente.
Segundo a nota do Grupo de Lima, Acosta teria sido capturado por homens armados no dia 21 de junho e submetido a uma audiência sete dias depois, na qual apresentava sinais visíveis de tortura. A gravidade de seu estado de saúde teria levado o juiz a encaminhá-lo para um hospital.