A oposição venezuelana denunciou, na noite de quinta-feira 8, mais uma prisão arbitrária de um apoiador. A Ação Democrática, um dos partidos que compõe a coalizão que desafiou o regime de Nicolás Maduro nas últimas eleições afirmou que Williams Dávila Barrios, ex-governador e ex-deputado eleito pelo estado de Mérida, foi levado por forças de segurança.
Segundo o partido, um grupo de pessoas armadas e sem uniforme ou identificação policial ou militar, prendeu Dávila nas proximidades da praça de Los Palos Grandes, em Caracas. O grupo se locomovia com duas motocicletas e um caminhão sem placa, acrescentou.
“Não sabemos seu paradeiro e outras circunstâncias de seu sequestro”, publicou a Ação Democrática no X, antigo Twitter.
Personas armadas, sin uniforme o identificación de cuerpo policial o militar, en dos motocicletas y una camioneta sin placa, apresaron al compañero Williams Dávila, cerca de la plaza de Los Palos Grandes, Chacao.
Desconocemos su paradero y demás circunstancias de su secuestro. pic.twitter.com/7tgCW8BOp7
— Acción Democrática (@ADemocratica) August 9, 2024
Carlos Pancho Ramírez, ex-líder estudantil que foi preso por anos pelo regime Maduro e agora milita contra a ditadura, sugeriu que “funcionários da DGCIM realizaram o sequestro”. O órgão é a Direção Geral de Contra-espionagem Militar.
O objetivo da vigília realizada em Los Palos Grandes era pedir justamente a libertação dos presos políticos da Venezuela. Dávila foi visto no local acendendo uma vela para quem perdeu a liberdade agora, em meio à onda de protestos que seguiu a reeleição marcada por fraude de Maduro – segundo o governo, mais de 2 mil foram detidos desde o dia das eleições, 28 de julho –, e para quem já estava atrás das grades anteriormente. Pouco depois, veio a denúncia de sua prisão.
A Plataforma Unitária Democrática, aliança política de oposição na Venezuela, também denunciou o sequestro.
“Exigimos a sua libertação imediata, o conhecimento do seu paradeiro e o respeito pelos direitos humanos. Esta escalada de repressão e perseguição deve parar e alertamos o mundo sobre isso. A Venezuela decidiu mudar e isto deve começar agora com uma transição pacífica”, disse a organização no X.
O incidente ocorre em meio à escalada de repressão contra a oposição e seus apoiadores, que contestam por fraude o resultado das eleições do último domingo que deu vitória ao ditador Nicolás Maduro.
As forças opositoras já haviam denunciado a prisão arbitrária da coordenadora de campanha da coalizão de Edmundo González, María Oropeza. A dirigente atuava no estado de Portuguesa, onde teria sido detida na madrugada de quarta-feira 7. A coalizão opositora chegou a publicar até um vídeo do suposto momento em que os policiais entram na casa de Oropeza para realizar a prisão. A gravação parece ter sido feita a partir de uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
Antes disso, na semana passada, o partido Vontade Popular (VP), que faz parte da coalizão opositora, disse que seu líder, Freddy Superlano, havia sido detido pelos serviços de inteligência do regime de Maduro. Os agentes invadiram sua casa em Caracas, mostrou um vídeo publicado na conta do X do ex-deputado. O episódio ocorreu em meio à contestação dos resultados eleitorais, que deram vitória ao presidente bolivariano na segunda-feira, pela oposição e por grande parte da comunidade internacional.
Superlano foi ativamente incorporado ao comando de campanha de Edmundo González, candidato que substituiu a vencedora das primárias da oposição, María Corina Machado, inabilitada pelo regime chavista por supostas irregularidades financeiras, nunca comprovadas.
Posteriormente, o partido Vente Venezuela, que faz parte da coalizão de González e é liderado por Corina, também denunciou que sua sede em Caracas foi atacada na semana passada por um grupo de seis pessoas encapuzadas.