Opositor antiguerra anuncia candidatura para destronar Putin
Veterano político apresentou documentos à comissão eleitoral nesta quarta-feira
Veterano político e grande voz de oposição ao governo russo, Boris Nadezhdin afirmou nesta quarta-feira, 31, que já coletou assinaturas suficientes para se candidatar nas próximas eleições presidenciais na Rússia. Com críticas duras ao presidente Vladimir Putin, Nadezhdin tornou-se conhecido também por sua postura contra a invasão à Ucrânia e a manutenção da guerra.
Para se candidatar à Presidência russa, é necessário obter 100 mil assinaturas, condição que, segundo Nadezhdin, já foi cumprida. Agora, a comissão responsável pelas eleições vai analisar a candidatura e, em caso de alguma irregularidade constatada, o pedido pode ser desqualificado, o que aconteceu com Yekaterina Duntsova, uma política independente que foi tirada da corrida em dezembro após a comissão eleitoral encontrar erros em 100 assinaturas de seu formulário.
Putin já se registrou como candidato para as eleições de março. Com a vitória quase garantida, o atual presidente deve ganhar outro mandato de seis anos.
Logo após entregar as assinaturas para análise, Nadezhdin publicou uma fotografia em frente a várias caixas contendo papéis com assinaturas dos seus apoiadores.
“Este é o meu orgulho – o trabalho de milhares de pessoas durante muitos dias sem dormir. O resultado das filas em que você ficou no frio está nessas caixas”, escreveu no X, antigo Twitter.
Caso vença, o político de oposição prometeu também libertar presos políticos e reverter a legislação anti-LGBTQ+.
Democracia de fachada
Em um país onde figuras de oposição são presas – e até mesmo assassinadas – as críticas diretas a Putin de Nadezhdin têm sido toleradas. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou que não vê Nadezhdin como “possível rival”.
Desde 2000 o cenário político russo é dominado por Putin. Em 2020, foi aprovada uma alteração constitucional que lhe permite permanecer no poder para além de 2024. Com uma vitória em março, Putin conseguiria se manter como presidente até 2030. Depois disso, ele ainda pode concorrer novamente, se mantendo no poder até 2036.
Na Rússia, alguns candidatos já conseguiram concorrer às eleições, mas não conseguiram destituir o titular. Assim, o país consegue manter uma democracia de “fachada”, mantendo a estabilidade do atual governo. Além disso, com a candidatura de oponentes, russos insatisfeitos com a Guerra na Ucrânia conseguem descarregar sua raiva e frustração sem criar uma ameaça real a Putin.
Ainda assim, nos últimos anos, figuras da oposição, como Alexei Navalny , confinado na Sibéria, e Ilya Yashin, condenado a uma longa pena de prisão. Outros, como o crítico do Kremlin Boris Nemtsov, chegou a ser morto.