Alexei Navalny, líder da oposição na Rússia, foi condenado nesta terça-feira, 2, a dois anos e 8 meses de prisão devido a um processo criminal de 2014. A Promotoria o acusou de “violar sistematicamente” as condições da pena emitida há cinco anos, defendendo que a sentença deveria ser cumprida.
O opositor recebeu uma pena de dois anos e meio por fraude em 2014, cuja liberdade condicional ele teria violado. Navalny sempre afirmou que o caso foi “inventado” contra ele para conter suas ambições políticas. Da pena inicial suspensa, de três anos e meio, foram descontados os 10 meses já cumpridos em prisão domiciliar.
Novamente, ele denunciou que os atuais procedimentos judiciais eram politicamente motivados, exigindo sua libertação. Durante a audiência, afirmou que seu comparecimento a um tribunal era uma tentativa de “assustar milhões” de russos e voltou a acusar o presidente Vladimir Putin de ordenar seu envenenamento no ano passado.
“[Putin] Ficará na história como o envenenador das cuecas”, disse, referindo-se à suposta forma que o agente nervoso que causou seu envenenamento foi administrado.
Ele foi preso em 17 de janeiro quando voltava da Alemanha, onde ficou hospitalizado por conta de uma tentativa de envenenamento com um agente nervoso que sofrera na Rússia. A acusação de violação ao controle judicial se dá justamente por ter viajado ao exterior para tratamento após o provável envenenamento.
Para os serviços penitenciários (FSIN), durante esse período o réu não compareceu diante do órgão, conforme previsto em seu controle judicial, violando a liberdade condicional.
A decisão do tribunal veio dias depois de mais de 5.000 pessoas terem sido detidas em toda a Rússia em comícios em apoio a Navalny. Nesta terça-feira, a polícia prendeu pelo menos 100 pessoas na porta do tribunal, segundo a ONG OVD-Info. A equipe que trabalha com Navalny convocou uma manifestação, o que é proibido pelas autoridades.
A prisão do opositor provocou novas tensões entre Rússia e o Ocidente. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, planeja viajar para Moscou na sexta-feira, 5, e pediu para ver Navalny. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que a União Europeia não deve cometer a “insensatez” de minar suas relações com Moscou por “um preso em um centro de detenção”.
Vários países europeus colocaram na mesa a possibilidade de impor novas sanções a Moscou, sobretudo, depois da repressão às manifestações de apoio ao opositor, em dois finais de semana seguidos. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou que a condenação teve motivações políticas.
(Com AFP)