Considerado um preso político por seus aliados, o líder oposicionista russo Alexei Navalny retornou nesta segunda-feira, 29, depois de ter sido internado em um hospital de Moscou por envenenamento por agente químico não identificado. O hospital informou que Navalny recebeu alta assim que seu estado de saúde melhorou e não quis revelar a causa de sua “doença súbita”.
Navalny, de 43 anos, foi levado da prisão a um hospital às pressas no domingo 28 porque apresentava um quadro de alergia aguda, com “inchaço intenso no rosto e vermelhidão na pele”, segundo seu porta-voz. Elena Sibikina, uma das médicas que o tratou, disse à imprensa que a hipótese de envenenamento com substância química “não foi provada” e que o preso político não corre risco de morte.
A advogada Olga Mikhailova, defensora de Navalny, e Sibikina relataram que se opuseram à decisão “estranha” de devolver seu cliente justamente à cela onde elas acreditam que o dissidente foi intoxicado. “Ele realmente foi envenenado por alguma substância química desconhecida”, disse Mikhailova. “Mas não se estabeleceu qual foi a substância.”
A hospitalização repentina de Navalny revoltou seus apoiadores, que suspeitam que ele pode ter sido visado em meio a uma das maiores operações repressivas dos últimos anos contra a oposição.
Crítico feroz do governo de Vladimir Putin e ativista anticorrupção, Navalny cumpre pena de 30 dias por violar as rígidas leis contra a realização de protestos. Ele convocara uma manifestação em Moscou no sábado 27. O protesto terminou com mais de 600 pessoas presas pela polícia, pois, segundo as autoridades, o evento teria sido ilegal.
Seus aliados dizem que ele corre o risco de sofrer mais uma crise se vestígios da substância ainda estiverem presentes em sua cela. Mikhailova disse que apresentará uma apelação para tentar reduzir a pena de Navalny devido aos seus problemas de saúde.
Sua médica pessoal, Anastasia Vasilyeva, disse que colheu amostras do cabelo e uma camiseta do paciente para que sejam examinados em um laboratório independente para se saber se ele foi contaminado. Ela também quer a verificação das imagens das câmeras da cela de Navalny.
(Com Reuters)