Órgão eleitoral do Equador nega pedido da oposição para recontagem de votos
Após derrota, Luisa González acusou fraude em pleito que reelegeu o presidente Daniel Noboa, conhecido pela abordagem linha-dura contra o crime
![Ecuador's leftist Presidential candidate Luisa Gonzalez speaks to supporters after learning the first results of the presidential runoff election in Quito, Ecuador on April 13, 2025. Incumbent President Daniel Noboa held an early lead in Ecuador's presidential election Sunday, with voters appearing to back his "iron fist" approach to rampant cartel-fuelled violence. (Photo by Luis ACOSTA / AFP) / The erroneous mention[s] appearing in the metadata of this photo by Luis ACOSTA has been modified in AFP systems in the following manner: [Quito] instead of [Guayaquil]. Please immediately remove the erroneous mention[s] from all your online services and delete it (them) from your servers. If you have been authorized by AFP to distribute it (them) to third parties, please ensure that the same actions are carried out by them. Failure to promptly comply with these instructions will entail liability on your part for any continued or post notification usage. Therefore we thank you very much for all your attention and prompt action. We are sorry for the inconvenience this notification may cause and remain at your disposal for any further information you may require.](https://beta-develop.veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2025/04/000_429246U.jpg?quality=70&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O órgão eleitoral do Equador negou nesta quinta-feira, 24, um pedido do principal partido da oposição do país, o Revolução Cidadã, para recontar votos de milhares de urnas. A líder da legenda, a esquerdista Luisa González, derrotada pelo atual presidente, Daniel Noboa, de direita, denunciou fraude após as eleições.
Autoridades eleitorais e observadores externos já afirmaram que Noboa conseguiu um segundo mandato após vencer com folga o segundo turno das eleições em 13 de abril. O resultado do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apontou sua reeleição com 56% dos votos, contra 44% de González, uma margem de mais de um milhão de votos. Foi um cenário muito diferente do primeiro turno, quando ele ficou à frente por apenas 16.700.
O pedido da recontagem de votos em 1.729 urnas –que, segundo o Revolução Cidadã, estariam com documentação incompleta ou incorreta – foi feito ao CNE na terça-feira 22.
Ausência de irregularidades
Dois dias após o pleito, no dia 15 de abril, a missão de observadores eleitorais da União Europeia afirmou não haver nenhum elemento de fraude no resultado. “Rejeitamos categoricamente essa narrativa”, disse o chefe do grupo de 25 países do bloco que estavam há meses no Equador, o espanhol Gabriel Mato.
Também a missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou seu informe preliminar e disse que não havia indício de fraude. Criticou, no entanto, que as eleições tenham ocorrido no contexto de um estado de exceção em várias províncias e com duração de dois meses. Os observadores da União Europeia também falaram em uma série de “desequilíbrios” na jornada.
Na véspera da eleição, Noboa declarou emergência em sete estados, a maioria deles redutos de González, gerando especulações de que ele estivesse tentando suprimir o voto entre apoiadores de González. O sítio restringe atividades sociais e permite que policiais e militares entrem em residências privadas sem permissão.
Antes da decisão do órgão, a presidente do CNE, Diana Atamaint, já havia afirmado ser impossível falar em fraude, já que os dois partidos que disputaram o segundo turno fizeram constante monitoramento da votação nos centros eleitorais com seus delegados partidários.
Linha-dura
Herdeiro da família mais rica do Equador, Noboa elegeu-se para um mandato-tampão em 2023, quando uma crise derrubou o antecessor, Guillermo Lasso, e aproveitou uma onda de popularidade que surgiu com suas iniciativas de combate às gangues, inspiradas em Nayib Bukele, presidente de El Salvador.
Antes uma ilha de tranquilidade, o Equador foi tomado por chefões do narcotráfico nos últimos anos, quando uma sequência de governos fracos coincidiu com mudanças nas rotas e portos equatorianos passaram a escoar cocaína para os Estados Unidos e a Europa. Mal chegou ao cargo e gangues orquestraram uma série de ataques, matando agentes penitenciários e fazendo apresentadores de TV reféns ao vivo.
Em resposta, Noboa pôs o Exército na rua, anunciou a construção de megaprisões e mudou leis para estender penas. Reeleito, terá de lidar com a economia frágil — apenas 36% dos equatorianos escapam do subemprego — e apagões que duram até catorze horas, efeito de uma seca extrema que afeta as hidrelétricas, em meio à violência que de fato diminuiu, mas está longe de ser controlada: o número de homicídios em janeiro quebrou o recorde mensal.