Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Os desafios de Joe Biden para vencer Donald Trump

O pré-candidato ganha nova rodada de primárias e consolida sua dianteira na disputa pela candidatura democrata

Por Ernesto Neves Atualizado em 4 jun 2024, 14h33 - Publicado em 13 mar 2020, 06h00

Até aqui, a trajetória de Joe Biden, 77 anos, o ex-vice de Barack Obama que quer duelar pela Presidência dos Estados Unidos com Donald Trump, foi repleta de sacolejos, muitos declives e uma reviravolta que finalmente tirou as hostes do Partido Democrata de um certo estado de letargia. É verdade que o único rival ainda no páreo pela vaga democrata, o senador Bernie Sanders, chegou a despertar algum ânimo no eleitorado, mas com um porém decisivo para os humores americanos: caminhando à esquerda no leque ideológico em um país que pende invariavelmente para o liberalismo, ele vem perdendo a cada nova primária o ímpeto nesta corrida já abandonada por duas dezenas de aspirantes nos últimos meses. Pois Biden, que chegou a ser desacreditado a ponto de ingressar no anedotário político (Trump o apelidou jocosamente de “dorminhoco”, em alusão aos eventuais cochilos em público), emitiu na rodada de votações de terça-feira 10 sinais contundentes de que é o nome mais palatável — e o único — para disputar a dificílima contenda presidencial.

A escalada de Biden começou uma semana antes, na Superterça, que lhe deu vitória em dez de quinze estados. Agora, ele ganhou em quatro de seis primárias e consolidou sua vantagem: está com 823 delegados (160 mais que Sanders). Sim, ainda falta chão até garantir a metade dos 3 979 votos necessários para conquistar a vaga de candidato à Casa Branca, processo que deve se arrastar até junho. Mas, se não esbarrar com nenhum grande imprevisto, será ele o desafiante de Trump. Atualmente vários fatores conspiram a favor de Biden na gangorra eleitoral — a começar pelo fato de estar conseguindo fazer com que os democratas saiam de casa para votar. Em Michigan — estado, aliás, que deu vitória a Sanders contra Hillary Clinton no pleito de 2016 e agora sagrou Biden —, o número de pessoas que foi às urnas subiu 40% em relação a quatro anos atrás. Uma lupa demográfica mostra que ele arregimentou apoiadores até em áreas onde Sanders contava com o voto dos jovens para avançar. “Há uma forte tendência ao voto centrista nestas eleições, que é o que Biden simboliza”, observa o professor de ciências políticas John Tures, da LaGrange College, na Geórgia.

A batalha contra Trump não será trivial. Embora a rejeição do atual dono da cadeira ultrapasse os 50%, ele pode apregoar vistosos indicadores econômicos — ao menos até a fissura provocada pelo coronavírus chacoalhar os pilares conhecidos. Mas Biden tem bem guardados dois trunfos com potencial de se revelar decisivos: ele é a escolha número 1 entre os negros, que compõem um terço do eleitorado americano, e ainda está conseguindo empolgar uma ala conservadora da população, que em 2016 preferiu Trump e se decepcionou com seus arroubos no Twitter e a falta de reformas sólidas. É significativo que Biden tenha se saído bem nos subúrbios mais abastados onde esse contingente se concentra.

O teste do Meio-Oeste americano, vencido agora por Biden, costuma ser um bom balizador das chances eleitorais. A região de 65 milhões de habitantes que encontra o Canadá ao norte e o Texas ao sul foi crucial para o sucesso de Trump nas urnas. Até a década de 90, era o motor da economia dos Estados Unidos por seu vigoroso parque fabril, mas acabou perdendo a proeminência com a debandada de montadoras de automóveis e siderúrgicas que migraram em busca de mão de obra mais barata em outros países. Virou então o “cinturão da ferrugem”. Nessas cidades depauperadas Trump enxergou uma excelente oportunidade eleitoral. Pôs a culpa da decadência no colo da elite política de Washing­ton e prometeu reavivar a área. Está devendo uma revitalização de verdade, o que é bom para Biden.

Publicado em VEJA de 18 de março de 2020, edição nº 2678

Publicidade

Imagem do bloco
Continua após publicidade

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.