Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Os efeitos da migração para a Alemanha: o dobro de sem-teto

A chegada de imigrantes elevou o número de moradores de rua. Os crimes violentos também aumentaram, mas não na mesma proporção

Por Thais Navarro
Atualizado em 29 jun 2018, 19h46 - Publicado em 29 jun 2018, 17h46
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A onda imigratória na Europa dos últimos quatro anos fortaleceu partidos xenófobos de vários países. Do ponto de vista econômico, o repúdio aos estrangeiros é exagerado: o fenômeno sequer alterou os índices de desemprego. Mas é inegável que a paisagem de muitas cidades europeias mudou.

    Segundo um estudo da Federação Europeia de Organizações Nacionais que Trabalham com os Sem-Teto, a Alemanha, país que mais acolheu refugiados, teve um aumento de 150% no número de moradores de rua entre 2014 e 2016. O fenômeno é parecido com o que se viu na Inglaterra (crescimento de 169% entre 2010 e 2017), Irlanda (145% entre 2014 e 2017) e Bélgica (96% entre 2008 e 2016).

    Dois contingentes se somam à população sem-teto. O primeiro é o de estrangeiros que têm o pedido de asilo recusado e passam a viver ilegalmente na Europa. O outro grupo é o daqueles que conseguem o asilo e com isso são obrigados a sair dos centros de recolhimento. O problema, então, passa a ser financeiro. “Com o aumento do preço dos aluguéis, principalmente na Alemanha, mais pessoas ficam sem casa”, diz a francesa Chloe Serme-Morin, coautora do relatório.

    Outra pesquisa alemã, divulgada em janeiro, mostrou que os crimes violentos subiram 10% entre 2015 e 2016 no estado da Baixa Saxônia, o único que aceitou compartilhar dados sobre a nacionalidade de criminosos e suas vítimas. “Em grande parte, esse aumento pode ser atribuído à chegada de estrangeiros”, diz o sociólogo alemão Dirk Baier, da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (ZHAW) e coautor do estudo. “Mas nem todos eles estão propensos ao crime na mesma medida.”

    Iraquianos, sírios e afegãos têm chance menor de se envolver em crimes contra o patrimônio. Isso acontece porque, como são considerados refugiados de guerra, eles podem mais facilmente obter asilo e estabelecer-se na Alemanha. A perspectiva é outra quando se analisa a situação dos que saem do norte da África, como marroquinos, tunisianos e líbios. Como a maioria deles não consegue asilo, precisa deixar o país. Em geral, são homens solteiros que, frustrados por terem sido impedidos de trabalhar e sem perspectivas, recorrem a roubos e furtos. As vítimas desses crimes são, em sua maioria, alemães. Já os refugiados de guerra são mais propensos, em comparação aos imigrantes econômicos, a cometer estupros, agressões com lesão corporal grave e homicídios. Na maioria dos casos, suas vítimas são outros refugiados. Geralmente são crimes que acontecem nos apinhados centros de acolhimento de aspirantes a asilo.

    Continua após a publicidade

    Os índices de criminalidade na Alemanha, porém, ainda são irrisórios comparados aos brasileiros, onde a taxa de homicídios é quase dez vezes maior do que a do país europeu. Segundo o estudo do ZHAW, a maior parte da população alemã não tem contato direto com os imigrantes e não é vítima deles. Os crimes cometidos por estrangeiros, contudo, têm maior chance de serem relatados para a polícia e de entrar nas estatísticas. “Ao final, o sentimento de insegurança cresce e os alemães pensam que tudo ficou muito pior com a vinda dos imigrantes”, diz Baier.

    Os pesquisadores recomendam que as políticas de acolhimento levem em conta a nacionalidade de cada imigrante. Para lidar com os que provavelmente conseguirão asilo, o ideal seria tirá-los das acomodações lotadas de refugiados e oferecer cursos de alemão e treinamento profissional. Homens solteiros deveriam poder trazer o resto da família, pois isso ajuda a afastá-los da delinquência. Para os que não receberão asilo, a saída é oferecer incentivos financeiros para o retorno aos seus países. O Brasil, que está vivendo sua própria crise de refugiados na fronteira com a Venezuela, em Roraima, tem muito a aprender com essas experiências.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco
    Continua após publicidade

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Continua após publicidade

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Continua após publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.