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Otan promete mais tropas e Ocidente reage à invasão da Rússia à Ucrânia

Ao menos cinquenta combatentes russos foram mortos na região de Luhansk; entre os ucranianos, já há mais de quarenta soldados mortos

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 fev 2022, 20h53 - Publicado em 24 fev 2022, 09h12
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  • A invasão à Ucrânia anunciada e ordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin, nas primeiras horas desta quinta-feira, 24, começou enquanto o Conselho de Segurança da ONU se reunia pela segunda vez nesta semana com apelos dos Estados-membros para que Moscou não concretizasse uma ação militar. 

    Com os primeiros relatos de um ataque via terra, mar e ar, vários países se apressaram em condenar a invasão. Rapidamente, um coro de líderes foi montado para repreender a Rússia, já alvo de duras sanções anunciadas nos últimos dias.

    Em pronunciamento,  o presidente ucraniano afirmou que o ataque russo mirou a “infraestrutura militar do país”. Zelensky ressaltou que já há baixas entre os russos, citando falas de autoridades militares de que ao menos cinquenta combatentes russos foram mortos na região de Luhansk.

    Entre os ucranianos, ao menos 137 pessoas morreram e 316 ficaram feridas após ataques, de acordo dados preliminares apresentados por Zelensky.

    Em resposta, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal aliança militar ocidental, afirmou que irá fortalecer suas forças no leste ucraniano, após o “terrível ataque” ao país. Em nota, a aliança disse que irá enviar forças defensivas terrestres e aéreas, já aumentando a prontidão de forças.

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    “As ações da Rússia apresentam uma séria ameaça à segurança Euro-Atlântica, e terão consequências geoestratégicas. A Otan continuará tomando todas as medidas necessárias para garantir a segurança e defesa de nossos aliados”, afirmou em comunicado.

    O documento também rotula as ações russas como “injustificadas e feitas sem provocação” e reafirma compromisso com o povo ucraniano.

    “Acordamos em um mundo diferente hoje”, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, nesta quinta-feira. Segundo ela, a União Europeia vai usar “o peso total de sanções” contra a Rússia, acrescentando que o mundo precisa responder de forma resoluta à invasão, ou arriscará pagar um preço ainda mais alto.

    As sanções em vigor apresentadas pela União Europeia já afetam todos os 351 membros da Duma, câmara baixa do Parlamento russo, que tiveram seus bens congelados e estão proibidos de viajar aos países do bloco. Outras 27 entidades e indivíduos diretamente envolvidos na ameaça à integridade territorial da Ucrânia também foram afetado. Entre eles estão bancos, membros do governo, autoridades militares envolvidas nas operações em Donbas, onde ficam as regiões pró-Moscou de Donetsk e Luhansk, e pessoas “responsáveis por liderar a guerra de desinformação na Ucrânia”.

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    A ministra alemã pediu novamente para todos os cidadãos de seu país deixarem a Ucrânia imediatamente e afirmou que embaixadas da Alemanha em países vizinhos terão presença nas fronteiras para auxiliar cidadãos da União Europeia. Berlim ainda vai decidir se a sua embaixada na Ucrânia, antes em Kiev, continuará suas operações em Lviv.

    O tom foi similar ao empregado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que prometeu “enfraquecer a economia da Rússia e sua capacidade de modernização” após o “ataque bárbaro”.

    “Iremos congelar bens russos na União Europeia e impedir o acesso de bancos russos aos mercados financeiros europeus”, declarou nesta quinta-feira. “Estas sanções são projetadas para dar um duro golpe aos interesses do Kremlin e sua capacidade de financiar a guerra. E sabemos que milhões de russos não querem guerra”.

    Ao lado do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, Von der Leyen prometeu que as medidas punitivas dos 27 membros do bloco serão “o pacote de sanções mais duro já implementado”.

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    Em breve comunicado após a invasão, o presidente americano, Joe Biden, acusou Putin de lançar um ataque “não provocado e injustificado” à Ucrânia e de apostar em uma “guerra premeditada” que causará perdas “catastróficas”.

    “Somente a Rússia é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de maneira unida e determinada. O mundo fará com que a Rússia preste contas”, disse Biden em um breve comunicado.

    Sanções já apresentadas pelos Estados Unidos estipulam cortes de financiamentos ocidentais a bancos russos e outras instituições, fazendo com que o Exército russo perca parte de seu financiamento.

    O presidente americano declarou que se reunirá com homólogos do G7 ( Japão, Alemanha, França, Itália, Canadá e Reino Unido, além da União Europeia) antes de se dirigir diretamente aos americanos para “anunciar novas consequências” contra a Rússia por “esse desnecessário ato de agressão contra a Ucrânia e a paz e a segurança globais”.

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    “Também iremos nos coordenar com nossos aliados da Otan para garantir uma resposta forte e unidade que dissuadirá qualquer agressão contra a Aliança”, acrescentou o presidente americano. 

    A coordenação de uma reunião urgente da Otan, principal aliança militar ocidental, também foi solicitada pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

    “O presidente deseja a celebração de uma cúpula da Otan o mais rápido possível”, indicaram fontes do Palácio do Eliseu, logo depois de um encontro do chefe de Estado com o Conselho de Defesa e Segurança Nacional francês. Na reunião, também estiveram também o primeiro-ministro da França, Jean Castex, além dos ministros das Relações Exteriores, Defesa, Economia e Interior do país.

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    Apesar de represálias, incluindo na forma de sanções econômicas, o governo russo já vinha aproveitando o momento para colocar ainda mais  pressão sobre a Ucrânia e o presidente Volodymyr Zelensky, afirmando que a melhor solução para acabar com a crise seria o país desistir de entrar na Otan, principal aliança militar ocidental e grande ponto de atrito entre a Rússia e o Ocidente. 

    Na segunda-feira, Moscou reconheceu a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, que formam Donbas. Poucas horas depois, Putin anunciou a publicação de um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” para as repúblicas autoproclamadas. 

    Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

    A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

    Em fala na terça-feira, Putin também fez menção também aos Acordos de Minsk, negociados em 2015, sob mediação da Alemanha e França, para um cessar-fogo nas duas regiões, que teriam em troca autonomia administrativa. Segundo ele, não há mais nada para ser cumprido e culpa o governo da Ucrânia pelo fracasso do acordo. 

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