Outra mulher denuncia indicado de Trump à Suprema Corte por abuso sexual
Indicação de Brett Kavanaugh ainda deve ser aprovada pelo Senado; juiz nega qualquer comportamento inadequado
Uma segunda mulher denunciou o indicado do presidente Donald Trump à Suprema Corte dos Estados Unidos, Brett Kavanaugh, de abuso sexual. Deborah Ramirez, colega do juiz na Universidade de Yale, revelou ao jornal The New York Times o assédio que sofreu nos anos 1980.
A mulher, de 53 anos, lembra que Kavanaugh tirou a roupa, bêbado, durante uma festa em uma residência de estudantes, colocou o pênis em seu rosto e a fez tocá-lo sem seu consentimento, enquanto ela tentava tirá-lo de cima.
Em declaração divulgada pela Casa Branca, Kavanaugh negou que o evento tenha acontecido.
“Este suposto evento de 35 anos atrás não aconteceu. As pessoas que me conheciam na época sabem que isto não aconteceu, e disseram isso. Isto é uma difamação, clara e simples”, disse o indicado ao Supremo Tribunal americano, que já enfrenta outra acusação de assédio na década de 80.
“Espero testemunhar na quinta-feira sobre a verdade, e defendendo meu bom nome e a reputação de caráter e integridade que construí ao longo de minha vida contra estas acusações”, disse.
Além de Deborah, a professora universitária Christine Blasey Ford acusou o indicado de Trump de ter tentado estuprá-la em uma festa no subúrbio de Washington há 36 anos.
Sabatina no Senado
Christine aceitou testemunhar perante o Senado sobre o caso nesta quinta-feira. Na semana passada, ela havia pressionado o governo americano a instaurar uma investigação sobre o ocorrido antes de seu depoimento.
A professora pretende chamar uma testemunha que estava presente no dia da suposta agressão, que teria ocorrido quando ela tinha 15 anos e Kavanaugh, 17. O indicado à Suprema Corte também prestará depoimento na mesma sessão para se defender.
Se Kavanaugh for confirmado para o cargo vitalício, os juízes progressistas estarão em minoria por um longo tempo na Suprema Corte, que tem jurisdição sobre numerosas questões que dividem a sociedade, tais como o direito ao aborto.
Os republicanos querem que a votação aconteça antes das eleições de meio de mandato, em novembro, nas quais podem perder o controle do Congresso.
Trump reiterou, na última sexta-feira, o apoio a seu candidato. “Não tenho dúvida de que, se o ataque contra a doutora Ford foi tão terrível como ela conta, então teria apresentado imediatamente acusações às autoridades locais encarregadas do cumprimento da lei”, tuitou. “Peço que ela traga essas acusações para que possamos saber a data, a hora e o lugar!”
A mensagem de Trump provocou reações imediatas em vários setores e a hashtag #WhyIDidntReport (#porquenãodenunciei) se tornou o tema mais comentado no Twitter nos Estados Unidos. Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, declarou que os comentários de Trump revelam uma profunda “incompreensão” do “trauma” que sofrem as vítimas.
(Com EFE e AFP)