Protestos de agricultores tomaram conta de países da Europa nesta sexta-feira, 2, à medida que os custos de produção sobem, o valor das mercadorias cai e as importações de alimentos disparam, enquanto a União Europeia amplia as restrições para combater as mudanças climáticas. A fronteira entre Holanda e Bélgica foi bloqueada por manifestantes, bem como estradas na Polônia e a Grécia. Não há perspectiva de trégua.
Em contrapartida, trabalhadores da França suspenderam o fechamento das rodovias após duas semanas de intensos protestos. Por lá, o primeiro-ministro Gabriel Attal, há menos de um mês no cargo, prometeu controlar a entrada de produtos estrangeiros e incentivar o mercado interno, de forma a tornar o país autossuficiente. O novato também anunciou que reduziria o cerco contra os pesticidas, já que o regulamento não havia sido implementado “em nível da UE”. Os insatisfeitos deram ao governo o prazo de três semanas para que sejam vistos os primeiro progressos.
As melhorias para os fazendeiros, no entanto, não foram compartilhadas por outros Estados. Em entrevista à agência de notícias Reuters, o criador de porcos holandês Johan Van Enckevort, de 25 anos, alertou o bloco europeu e os políticos de Amsterdã para não ignorarem as demandas e disse que ele e seus colegas querem continuar os trabalhos, mas “não com tantas regras”.
Caos na Europa
Em Bruxelas, capital da Bélgica, a insatisfação é tamanha que o Parlamento Europeu foi atingido por ovos e pedras. Os manifestantes também soltaram fogos de artifício e instaram os líderes da UE a ajudá-los na próxima cúpula, prevista para meados de março. Em comunicado, o sindicato de agricultores belgas ABS afirmou que “a Política Agrícola Comum tornou-se gradualmente uma Política Ecológica Comum, sem qualquer reconhecimento para nós, produtores de alimentos”.
No porto de Zeebrugge, pessoas impediram a entrada e saída de caminhões. Entre as montadoras prejudicadas pelo impasse belga estão Tesla, BMW, Mercedes, Hyundai e Volvo. Um porta-voz do porto, acrescentando que a capacidade do porto estava se enchendo rapidamente de veículos presos no cais. Cerca de 2.000 caminhões ficaram parados fora do porto.
O Solidariedade, sindicato dos agricultores da Polônia, programa uma greve geral para a próxima sexta-feira, 9, que inclui o bloqueio da fronteira com a Ucrânia. Eles pontuaram que a “paciência acabou”, devido à maciça chegada de produtos ucranianos no país. O descontentamento também aterrissou na Grécia, onde os fazendeiros instam o fim dos impostos sobre gasóleo e compensações mais rápidas por perdas em inundações.
Em Portugal, uma estrada na região sul do Alentejo, próxima à Espanha, permanece fechada e marchas se espalham pelo país. Na véspera, tratores impediam a passagem de três rodovias. Os agricultores espanhóis, por sua vez, irão às ruas em fevereiro contra as rigorosas regulamentações europeias e a falta de apoio governamental.