Não passou batida na imprensa internacional a prisão em Sevilha, na Espanha, do segundo-sargento Silva Rodrigues, comissário de bordo do avião presidencial reserva, por carregar em sua mala de mão 39 quilos de cocaína. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) parara no sul da Espanha para uma escala técnica, mas teria como destino final Osaka, no Japão.
O presidente Jair Bolsonaro viajava – em outro aparelho – para participar em Osaka da reunião de líderes do G20, a partir de sexta-feira, 28. O comandante de seu avião rapidamente mudou o plano de voo e fez a parada técnica em Portugal.
“Não estavam nem sequer camuflados entre as roupas”, afirmaram fontes da Guarda Civil espanhola ao jornal El País, ao comentarem sobre os pacotes de cocaína encontrados na mala de mão do militar brasileiro pelo pessoal do controle aduaneiro do Aeroporto de Sevilha.
O jornal espanhol informa que o Juizado de Instrução 11, de Sevilha, ordenou a prisão provisória, sem direito a fiança, de Silva Rodrigues. Ele foi acusado de delito contra a saúde pública e deverá responder à Justiça espanhola, que também quer saber qual era o destino final da droga que transportava. Os demais tripulantes da aeronave não foram detidos.
Os principais jornais do Japão não deram ainda a notícia. Mas o francês Le Monde deleitou-se com a aventura do tripulante do segundo avião presidencial. “Bolsonaro balançado pelo caso do ‘Aerococa’, depois da descoberta de 39 quilos de cocaína dentro de um avião oficial”, manchetou o matutino.
O jornal replicou comentários pícaros no Twitter para chamar o segundo avião presidencial de “Aerococa” – o antigo apelido do Airbus comprado e usado pelo então presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Bolsonaro é arqui-inimigo, era Aerolula. De outra nota na rede social, que trazia o cartaz da série Narcos, da Netflix, com o rosto do presidente brasileiro no lugar do protagonista, o Monde tirou o intertítulo da reportagem: “Bolsonarcos”.
O texto segue com a reação “constrangida”, segundo o Monde, de Bolsonaro pelo Twitter e com a declaração do presidente em exercício, general Hamilton Mourão, sobre o militar preso em Sevilha. “Ele trabalhava como mula. Uma mula qualificada“, disse Mourão.
Chapéu de cowboy
Os jornais La Nación, da Argentina, e The Telegraph, do Reino Unido, destacaram o fato de o militar fazer parte da comitiva do presidente Bolsonaro para a reunião de líderes das 20 maiores economias do mundo. Os governantes desses países, o argentino Maurício Macri e a britânica Theresa May, estão presentes ao mesmo encontro do G20 em Osaka.
O Telegraph, porém, escolheu para ilustração a foto de Bolsonaro com um chapelão de cowboy – imagem de sua participação na Marcha para Jesus, em São Paulo, no último dia 20. Mencionou que o governo brasileiro iniciou investigação para apurar o caso de tráfico de drogas.