O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse nesta sexta-feira, 9, que ofereceria abrigo ao líder da Venezuela, Nicolás Maduro, caso estivesse disposto a permitir uma transição segura para um novo governo no país, mergulhado em uma profunda crise política desde a divulgação dos resultados das eleições venezuelanas, realizadas em 28 de julho.
“Se essa é a contribuição, o sacrifício que o Panamá tem que fazer, ao oferecer nosso solo para que esse homem e sua família possam deixar a Venezuela, o Panamá o faria sem dúvida”, afirmou Mulino em uma entrevista à emissora americana CNN.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão federal controlado pela ditadura, Maduro teria vencido o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, no pleito — triunfo esse questionado por eleitores venezuelanos, por líderes da oposição e, em peso, pela comunidade internacional. O Panamá compõe a lista de países que rejeitaram os resultados e, como consequência, tiveram seus embaixadores expulsos do território venezuelano. Entre os banidos também estão Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Ainda nesta sexta-feira, a agência de notícias AFP informou que a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, propôs a Nicolás Maduro uma “negociação para a transição democrática”, que “inclui garantias, salvo-condutos e incentivos” para que o chavista deixe o poder na Venezuela em meio a acusações de fraude nas eleições.
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Por que a oposição contesta o resultado?
O CNE apontou a reeleição Maduro com 51% dos votos, contra 44% de Edmundo González, que substituiu María Corina, vencedora das primárias da oposição, após ser inabilitada pelo regime chavista. Em contraste, levantamentos de boca de urna sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano.
Uma projeção da oposição com base em 80% dos boletins de urna que conseguiram obter mostrou resultado semelhante. O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o regime não divulgou os resultados na totalidade, sem a publicação das atas das zonas eleitorais – relatórios que reúnem informações de cada centro de votação.
Em coletiva de imprensa na semana passada, Maduro acusou a comunidade internacional de tentar mergulhar a Venezuela “em uma guerra civil outra vez” e criticou o Ocidente por não aceitar que país tem “outra realidade” e “direitos independentes e soberanos”. Sem mostrar evidências para embasar vitória, questionou: “Quantas provas mais temos que apresentar para que vocês digam ‘já basta’?”.