Papa critica plano de Trump para deportação em massa: ‘Uma vergonha’
Francisco diz que proposta para expulsar 1 milhão de imigrantes por ano dos EUA fará com que 'pobres infelizes que não têm nada paguem a conta'

O papa Francisco criticou o plano de deportação em massa de Donald Trump, que toma posse nesta segunda-feira, 20, como presidente dos Estados Unidos, dizendo que expulsar imigrantes do país, como ele prometeu, seria “uma vergonha”. O republicano volta ao cargo quase uma década depois de sua primeira passagem pela Casa Branca – quando o pontífice, naquela ocasião, o chamou de “não cristão” por querer construir um muro ao longo da fronteira entre os Estados Unidos e o México.
O primeiro papa latino-americano da história foi questionado sobre as promessas do governo Trump durante uma aparição na noite de domingo 19 em um popular talk show italiano, Che Tempo Che Fa (Como está o tempo?).
“Se for verdade, será uma vergonha, porque fará com que os pobres infelizes que não têm nada paguem a conta”, disse Francisco. “Isso não se faz! Não é assim que se resolve as coisas.”
Críticas de longa data
Ao longo de sua campanha, Trump fez das deportações em massa um tema central de seus planos para a Presidência e prometeu uma série de ordens executivas em seu primeiro dia no cargo para reformar a política de imigração.
Durante a primeira campanha presidencial do republicano, em 2016, Francisco foi questionado sobre os planos de Trump de construir um muro ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México. Após celebrar a missa perto da divisa, Francisco fez um comentário famoso, quando disse que qualquer um que construa um muro para impedir a entrada de migrantes “não é cristão”.
Muitos bispos dos Estados Unidos também se opuseram aos planos de deportação em massa, depois do futuro 47º presidente americano falar em expulsar 1 milhão de pessoas por ano do país. O novo arcebispo de Washington, D.C., Cardeal Robert McElroy, disse que tais políticas eram “incompatíveis com a doutrina católica”, uma referência ao chamado bíblico para “acolher o estrangeiro”.
Francisco, que cresceu na Argentina em uma família de imigrantes italianos, há muito tempo prioriza a questão migratória e pede que governos mundo afora acolham, protejam e integrem estrangeiros, da melhor forma possível. Ele defende que a dignidade e os direitos dos imigrantes têm prioridade sobre quaisquer preocupações de segurança nacional.