Papa diz que pessoas que rejeitam homossexuais ‘não têm coração humano’
Pontífice afirmou a comediante gay que não se deve colocar adjetivos na frente de substantivos – ou seja, discriminar em virtude de características pessoais
O papa Francisco afirmou, em vídeo divulgado pela rede de televisão BBC nesta sexta-feira, 19, que pessoas que rejeitam homossexuais “não têm coração humano”.
A fala do pontífice ocorreu em uma conversa com o comediante Stephen K. Amos, em uma entrevista que irá ao ar na emissora britânica nos próximos dias. No trecho antecipado pela BBC, Amos diz ao papa que viajou a Roma “em busca de respostas e fé”, mas que ele, como homem gay, não se sente aceito.
Diante da afirmação, Francisco respondeu que “dar mais importância ao adjetivo (gay) do que ao substantivo (homem) não é bom”.
“Todos somos seres humanos, temos dignidade. Se uma pessoa tem uma tendência ou outra, isso não lhe tira a dignidade como pessoa”, disse o papa, que completa que “as pessoas que decidem rejeitar o outro por um adjetivo não têm coração humano”.
O papa Francisco já havia defendido em várias ocasiões a necessidade de respeitar pessoas homossexuais e, na viagem de retorno a Roma após uma visita ao Brasil, em 2013, perguntou quem era ele para julgar os gays.
Além disso, no Sínodo de Bispos sobre a família realizado em outubro de 2014 foi aprovado um extenso documento no qual lançava uma reflexão sobre problemas da família atual, como os divorciados casados novamente, e apoiava uma Igreja Católica que acolhesse todos, incluindo os homossexuais.
Imigrantes
Outro grupo que teve menção especial do pontífice na Sexta-Feira da Paixão foram os imigrantes. Em discurso durante a celebração da data, o Papa Francisco criticou o que chamou de “todas as cruzes” de sofrimento do mundo, incluindo aquelas suportadas por imigrantes que encontram fronteiras fechadas e crianças que sofrem em sua “inocência e pureza”.
Francisco disse que os imigrantes têm encontrado “as portas fechadas devido ao medo e aos corações endurecidos por cálculos políticos”. A Itália adotou nos últimos anos uma das mais duras leis de imigração, na esteira de movimentos semelhantes nos Estados Unidos e na Hungria.
O papa também condenou a “cruz dos pequenos, feridos em sua inocência e pureza”. Francisco não citou diretamente os escândalos sexuais da Igreja.
(Com EFE)