O Papa Francisco declarou nesta segunda-feira, 28, que teme “um derramamento de sangue” na Venezuela, na iminência de mais uma semana de protestos contra o presidente contestado Nicolás Maduro.
Desde quarta-feira 23, a crise política no país sul-americano vive um novo capítulo, com o líder da Assembleia Nacional, o oposicionista Juan Guaidó, se proclamando chefe de um governo transitório, legitimado por potências como os Estados Unidos e apoiado por quase todos os vizinhos regionais.
À bordo do avião papal, voltando para Roma depois de uma visita de cinco dias ao Panamá, Francisco disse aos repórteres que neste momento, apoia o povo venezuelano pois “são eles que estão sofrendo”, e reiterou que deseja uma “solução justa e pacífica” para a situação no país, pedindo que a nação se afaste do exemplo recente da Colômbia, onde a explosão de um carro-bomba matou 21 pessoas na capital, Bogotá.
“Temo um derramamento de sangue, o problema da violência me assusta. Depois de todos os esforços feitos na Colômbia, o que aconteceu na academia de polícia foi terrível. Banhos de sangue não resolvem nada”, disse, relembrando as conversas por um acordo de paz que eram conduzidas pelo ex-presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e interrompidas pelo novo governo.
Um jornalista mexicano também pediu que Francisco desse uma declaração aos venezuelanos que “queriam ouvir palavras de seu papa latino-americano”. Ele então enfatizou que não assume uma posição intervencionista na questão do país, pois “seria uma imprudência pastoral” de sua parte que “poderia causar danos.”
Apesar dos apelos do pontífice, desde o início dos distúrbios ocorridos na Venezuela, na quarta-feira 23, pelo menos 35 pessoas já morreram e 850 foram detidas, segundo informações do Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS), crítico do governo de Maduro. À AFP, eles ainda informaram que as mortes, causadas principalmente por armas de fogo, ocorreram em Caracas e nos estados de Táchira, Barinas, Amazonas, Bolívar e Portuguesa.
(com Reuters, Estadão Conteúdo)