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Papa Francisco a Trump: ‘Quem constrói muros acaba prisioneiros deles’

O líder católico disse estar disponível para novas conversas com o presidente dos EUA e se esquivou de críticas dos ultraconservadores

Por Da Redação
Atualizado em 29 Maio 2019, 17h54 - Publicado em 29 Maio 2019, 13h36
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  • O papa Francisco afirmou estar disposto a conversar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para convencê-lo a desistir das obras do muro na fronteira do país com o México. Em entrevista à rede mexicana Televisa, exibida na terça-feira 28, o papa também minimizou as críticas dos católicos ultraconservadores que o chamam de herege.

    “Não consigo entender esta nova cultura de defender territórios construindo muros. Já conhecemos um, aquele em Berlim, que trouxe tantas dores de cabeça e tanto sofrimento”, disse o pontífice, ao debater a situação com uma jornalista mexicana instalada há anos no Vaticano.

    “Separar crianças dos pais vai contra a lei natural, não se faz isso. É cruel. Está entre as maiores crueldades. E para defender o quê? Territórios ou a economia de um país ou sabe-se lá o quê”, continuou Francisco, criticando a política de separação de famílias praticada nos últimos meses pela Guarda de Fronteira, em que crianças são levadas para abrigos sob custódia do governo americano.

    Questionado se repetiria os seus argumentos “cara a cara” com Trump, Francisco respondeu: “Diria o mesmo. O mesmo porque o digo publicamente. Eu até já lhe disse que aqueles que constroem os muros acabam sendo prisioneiros deles.”.

    Trump se encontrou com o papa no Vaticano em 2017, quando defendeu o muro como uma medida necessária para lidar com uma crise de drogas e crimes que atravessariam a fronteira dos Estados Unidos.

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    A questão vem gerando conflitos entre o líder americano e a Câmara dos Deputados, majoritariamente democrata, e também com alguns juízes federais. Os oposicionistas acusam um tom xenofóbico nos argumentos de Trump e questionam a maneira de financiar as obras do cercamento.

    No ano passado, Francisco já havia criticado a diretriz de separar pais e filhos que atravessaram ilegalmente a fronteira entre Estados Unidos e México, revertida mais tarde por Trump em razão da revolta generalizada. Em abril, o americano negou as notícias de que estaria cogitando reativar a medida. Não existe mais nenhum encontro agendado entre Trump e o pontífice para os próximos meses.

    Heresia

    Francisco ainda foi questionado sobre o grupo de ultraconservadores que, no início deste mês, iniciou uma campanha de assinaturas pedindo o apoio de bispos para denunciar a suposta heresia do papa em algumas das suas declarações sobre temas polêmicos, como a comunhão para os divorciados.

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    O papa disse não ter mágoa e afirmou ter recebido a movimentação “com senso de humor”. “Rezo por eles porque estão errados, e, pobres coitados, alguns deles estão sendo manipulados.”

    (Com Reuters)

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