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Papa Francisco beija os pés de líderes do Sudão do Sul

Pontífice pede ao presidente e ao líder da oposição do país que mantenham o armistício nesta fase de formação de um novo governo

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h50 - Publicado em 11 abr 2019, 17h14
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  • Em um gesto significativo de humildade e pela paz, o papa Francisco se ajoelhou para beijar os pés dos líderes do Sudão do Sul nesta quinta-feira, 11, durante visita da comitiva do país africano ao Vaticano.

    A atitude do bispo de Roma foi acompanhada pelo seu pedido para que o governo do Sudão do Sul, que recentemente assinou um armistício com os grupos rebeldes, não volte a se engajar em uma guerra civil que já castigou o país africano por cinco anos.

    Francisco recebeu o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, seu ex-vice-presidente e atual líder da oposição Riek Machar e outros três vice-presidentes para discutir a formação de uma coalizão governista no próximo mês.

    “Estou pedindo como um irmão para que vocês se mantenham em paz. Estou pedindo a vocês de todo o meu coração: vamos seguir em frente. Haverá muitos problemas, mas eles não irão nos superar. Resolvam seus problemas”, disse o pontífice, em discurso improvisado.

    No encontro, os líderes pareceram ter sido pegos de surpresa quando o religioso de 82 anos, com a ajuda de seus assistentes, se ajoelhou com dificuldade para beijar os pés dos dois políticos sul-sudaneses e de outras pessoas na sala.

    As declarações do papa ganharam um significado maior pela situação política tensa no Sudão, país vizinho ao Sudão do Sul, onde o ditador, Omar Bashir, sofreu um golpe de Estado na manhã desta quinta-feira. A notícia gerou o temor de uma ameaça ao frágil acordo de paz selado entre as autoridades dos dois países em 2011, quando o Sudão do Sul separou-se definitivamente do Sudão.

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    O Vaticano uniu os líderes opostos do Sudão do Sul para 24 horas de preces dentro da residência papal em uma última tentativa de apaziguar as divisões na véspera da definição do novo governo.

    O Sudão do Sul vive um conflito armado desde 2013, quando o presidente Salva Kii demitiu seu vice, Machar, acusando-o de planejar um golpe de Estado. O antigo aliado se tornou líder dos rebeldes, e a crise política deu início a uma guerra civil que aprofundou a miséria no país. Um acordo de paz foi assinado em agosto de 2015, mas vem sendo desrespeitado em diversas ocasiões desde então.

    Roubo de gado

    Enquanto os líderes sul-sudaneses eram recebidos pelo papa, mais de 50 pessoas morreriam nesta quinta-feira no país africano em um tiroteio entre criadores e ladrões de gado. Outras 26 pessoas ficaram feridas no confronto no estado de Boma, no leste do Sudão do Sul.

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    O porta-voz do governo regional, Natabu Abraham Naitak, disse que um grupo de jovens armados atacou criadores de gado no distrito de Luachodu, em Boma, que se defenderam da tentativa de roubo. “Os enfrentamentos começaram nesta manhã, e neles morreram 50 pessoas. Outras 26 ficaram feridas, entre elas 13 assaltantes”, afirmou Naitak.

    A província de Boma é alvo de ataques frequentes de grupos armados para roubo de gado, especialmente na época de seca, que começa em dezembro e termina no fim de março ou no início de abril. Nesta época, os pecuaristas levam seus rebanhos aos “toj”, como são chamadas as áreas pantanosas, e se tornam alvos mais fáceis para os ladrões.

    A pecuária é a base da riqueza nas comunidades locais, e os jovens das tribos de criadores, entre eles a nuer e a murle, oferecem dezenas bovinos como dote de casamento. O roubo de gado é considerado por essas tribos como uma façanha “heroica”, e os ladrões são destacados na cultura local.

    Em janeiro, foram registradas cerca de 200 mortes nas disputas entre criadores de gado em várias partes do Sudão do Sul.

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    (Com Reuters e EFE)

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