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Papa Francisco cita música de Vinicius de Moraes em nova encíclica

No documento divulgado hoje, o pontífice critica o "vírus do individualismo" e o "dogma liberal" e defende a fraternidade não só com palavras

Por Da Redação Atualizado em 4 out 2020, 18h06 - Publicado em 4 out 2020, 18h06
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  • Com o título de Fratelli tutti (Todos irmãos, em italiano), o Papa Francisco divulgou neste domingo, 4, uma nova encíclica em que denuncia as desigualdades e o “vírus do individualismo”. O documento, considerado grau máximo das cartas pontifícias e de âmbito universal, pede ainda o fim do “dogma liberal” e defende a fraternidade “com atos e não apenas com palavras”. No sexto capítulo do texto, de 84 páginas, o destaque é uma menção ao poeta e compositor brasileiro Vinicius de Moraes (1913-1980). Dedicado ao “diálogo” e à “amizade social”, o trecho traz uma passagem da letra da música Samba da Bênção: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

    Logo após a citação à canção, Jorge Bergoglio, nome de batismo do pontífice argentino, escreve que várias vezes já convidou a fazer crescer “uma cultura do encontro que supere as dialéticas que colocam um contra o outro”. O papa ainda reforça que devemos incentivar essa cultura do encontro, em que todos possam aprender algo e na qual ninguém é inútil. “Isto implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê aspectos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes”, escreveu.

    Esta é a terceira encíclica do papa Francisco. Nela, o principal nome da Igreja Católica retoma aos temas sociais que serviram de bandeira em seus sete anos e meio de pontificado, como a necessidade do diálogo, e faz reflexões sobre o mundo atingido pela pandemia da Covid-19. “Vimos o que aconteceu com as pessoas mais velhas em alguns lugares do mundo por causa do coronavírus. Não tinham que morrer assim (…) cruelmente descartados”, lamentou. No documento, ainda faz críticas ao nacionalismo, ao populismo, ao individualismo e à “cultura dos muros” e defende o direito às migrações e cobra uma reforma das Organização das Nações Unidas e do sistema financeiro mundial.

    A encíclica, que deve servir como um guia espiritual para os católicos diante dos problemas atuais enfrentados pela humanidade, foi divulgada hoje, Dia de São Francisco de Assis, e assinada ontem durante uma missa na cripta onde está o túmulo do padroeiro dos animais e do meio ambiente. Pela primeira vez o documento foi assinado fora dos limites do Vaticano e também marcou a primeira saída de Roma por Francisco, durante a pandemia.

     

     

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