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Papa Francisco lamenta ‘falta de humanidade’ enfrentada por imigrantes

Pontífice comentou sobre nova onda de imigração na ilha de Lampedusa, na Itália

Por Da Redação
Atualizado em 22 set 2023, 18h35 - Publicado em 22 set 2023, 14h42
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  • O papa Francisco aterrissou nesta sexta-feira, 22, na cidade francesa de Marselha para tratar da crise imigratória na Europa. O pontífice foi recebido no aeroporto pela primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, e se reunirá duas vezes com o presidente do país, Emmanuel Macron, neste sábado. Ele também participará de um encontro de jovens católicos e bispos da região do Mediterrâneo.

    No aeroporto, dando início à visita-relâmpago a Marselha, com 27 horas de duração, o papa foi informado por repórteres sobre a nova onda de chegada de milhares de imigrantes à ilha de Lampedusa, na Itália, na última semana. Ele lamentou, então, a “crueldade” e a “terrível falta de humanidade” enfrentada por aqueles que cruzam o Mediterrâneo.

    Não é a primeira vez, no entanto, que o argentino comenta sobre a delicada situação na ilha italiana. Em julho de 2013, durante sua primeira visita ao local, Francisco prestou uma homenagem aos imigrantes que perderam a vida no mar e destacou a existência da “globalização da indiferença”. Lampedusa está entre os principais destinos daqueles que fogem de áreas de conflito do norte da África.

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    “Quem é o responsável pelo sangue desses irmãos e irmãs? Ninguém! Todos nós respondemos assim: ‘Não sou eu, não tenho nada a ver com isso. Serão outros; eu, não, certamente”, discursou na ocasião. “Mas Deus pergunta a cada um de nós: ‘Onde está o sangue do teu irmão que clama até Mim?’. Hoje, ninguém no mundo se sente responsável por isso, perdemos o sentido da responsabilidade fraterna, caímos na atitude hipócrita do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano.”

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    Ao todo, mais de 130 mil imigrantes chegaram à Itália neste ano, segundo o governo. O impressionante número representa quase o dobro dos registros do mesmo período de 2022. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirma que não deixará que o país se torne “o campo de refugiados da Europa”. Em maio, Francisco marcou presença, ao lado de Meloni, em uma conferência pró-família para incentivar que a população do país abra mão de atitudes “egoístas” e tenha mais filhos para conter o “inverno demográfico”.

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    Ao sair do aeroporto na visita desta sexta-feira, o pontífice participou de um culto de oração com bispos, padres e freiras na catedral da cidade de Notre-Dame de la Garde, no qual compeliu os fiéis a manterem o coração aberto aos necessitados. Ele repetirá as homenagens de 2013, estando escalado para orar e discursar em um monumento em homenagem aos heróis e às vítimas do mar.

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    Em um ato simbólico, os bispos franceses escolheram Marselha como sede do evento Encontros no Mediterrâneo, que se estenderá por uma semana. O local tem longa história de imigração, englobando as culturas da Europa, Oriente Médio e norte de África em um só lugar. O centro da cidade portuária francesa, diferentemente de outras regiões, é habitado por populações imigrantes.

    Francisco defende que os refugiados sejam divididos entre as 27 nações da União Europeia (UE), tendo chamado a política de exclusão de alguns países de “escandalosa, repugnante e pecaminosa”. Os comentários desagradaram a políticos conservadores, sobretudo os franceses.

    “Ele se comporta como um político, ou como chefe de uma ONG, e não como um papa”, contestou Gilles Pennelle, diretor-geral do partido Rassemblement National, da ultradireitista Marine Le Pen. “Penso que a mensagem cristã é de boas-vindas em nível individual, mas (a migração) é um imenso problema político e se se deve ou não acolher os migrantes cabe aos políticos decidir”, disse ele à Reuters numa entrevista telefónica.

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