O papa Francisco expressou profunda preocupação com a violência mortal na Nicarágua causada por protestos e pediu por uma solução pacífica.
Defensores dos direitos humanos dizem que, desde 18 de abril, pelo menos 27 pessoas morreram durante as manifestações contra as reformas previdenciárias planejadas pelo presidente Daniel Ortega. Dezenas acabaram feridas ou presas.
Francisco disse às pessoas na Praça de São Pedro que ele está “muito preocupado” com a situação no país da América Central. “Manifesto minha proximidade na oração a esse amado país e faço uma chamada para que acabem com toda essa violência, evitem um inútil derramamento de sangue e resolvam pacificamente as questões abertas”, disse o pontífice.
O conflito também causou a morte de um jornalista. Angel Gahona fazia uma transmissão ao vivo no Facebook sobre os protestos quando foi morto com um tiro.
Em um granulado vídeo noturno, o jornalista, vestido com jeans e camisa azul, segura um celular e narra como ele se aproxima da fachada da prefeitura em Bluefields. Segundos depois, ouve-se um tiro, a voz do repórter se apaga, a imagem torna-se difusa, e ouvem-se gritos.
Gahona trabalhava para o jornal El Meridiano na noite deste sábado e transmitia ao vivo na página do Facebook do periódico.
Após o episódio, o governo dos Estados Unidos se pronunciou emitindo um alerta para que cidadãos americanos reconsiderem viagens para a Nicarágua.
O comunicado, publicado na página da embaixada dos Estados Unidos no país caribenho, afirma que há muitos atos de violência e que a resposta diante da emergência, tanto da embaixada como das autoridades nicaraguenses, “é extremamente limitada”, não podendo garantir a segurança de cidadãos americanos.
Os protestos
A violência na Nicarágua começou na quarta-feira passada por causa de uma reforma na Previdência que eleva as cotas, reduz as pensões, e estabelece a cotação perpétua.
Em meio ao clima tenso, a população lotou supermercados e lojas em busca de mantimentos. Foram registrados neste domingo roubos a diversos estabelecimentos comerciais. Os postos de gasolina tinham longas filas de carros e motos em busca de combustível, em meio a temores de desabastecimento.
Na capital, as ruas estavam cheias de escombros deixados por manifestantes, enquanto vários se dirigiam à Universidade Politécnica, epicentro das manifestações, onde centenas de estudantes estão entrincheirados.
(Com AFP, EFE e Estadão Conteúdo)