Paquistão afirma que Índia atacará o país nos próximos dias
Ataque contra turistas na Caxemira, tiroteios na fronteira e expulsão de civis elevam tensão entre as potências nucleares ao nível mais crítico desde 2019

O Paquistão declarou nesta quarta-feira, 30, que recebeu informações confiáveis de que a Índia está preparando um possível ataque ao país dentro de 24 a 36 horas.
A justificativa, segundo Islamabad, seria uma retaliação aos acontecimentos recentes na região da Caxemira, dividida entre os dois países, onde um ataque armado matou 26 pessoas na semana passada, a maioria turistas hindus.
Nova Délhi acusa o país vizinho de apoiar o grupo responsável pela ação — o Paquistão nega.
Desde o massacre na cidade turística de Pahalgam, os laços diplomáticos entre os dois países se deterioraram rapidamente. A Índia cancelou vistos, suspendeu um tratado bilateral de compartilhamento de águas e ordenou a saída quase total de paquistaneses do país. A resposta de Islamabad foi fechar seu espaço aéreo para companhias indianas e mobilizar tropas nas zonas de fronteira.
Enquanto autoridades dos dois lados trocam acusações sobre quem iniciou os recentes confrontos armados na Linha de Controle — que divide a Caxemira —, a população civil sofre com os desdobramentos. Centenas de paquistaneses atravessam apressadamente o posto fronteiriço de Attari, em Punjab, tentando voltar para casa. Alguns relatam estar sendo deportados à força, separados de familiares indianos. “Eles disseram que eu sou ilegal e que precisava partir”, contou Sara Khan à AP, que vivia na Caxemira desde 2017 com o marido indiano e seus filhos pequenos.
O ataque que desencadeou a crise foi atribuído a um grupo autodenominado “Resistência da Caxemira”, até então desconhecido. Segundo relatos de sobreviventes, os agressores miraram especificamente homens hindus.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, teria dado carta branca às Forças Armadas para decidir o momento e a forma da resposta.
A ONU e o Departamento de Estado dos EUA já intervieram pedindo moderação, diante do risco de um conflito de grandes proporções.
Em telefonemas a autoridades indianas e paquistanesas, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou para as possíveis “consequências trágicas” da escalada.