A Suprema Corte do Paquistão rejeitou nesta terça-feira, 29, um recurso contra a absolvição da agricultora cristã Asia Bibi, considerada inocente em um julgamento no último dia 31 de outubro. Agora, a paquistanesa deve deixar o país, depois de passar oito anos no corredor da morte, condenada por blasfêmia.
Asif Saeed Khosa, chefe de Justiça do país e um dos três juízes que analisaram a apelação, declarou: “Com base no mérito, essa petição de revisão está negada”.
O recurso foi impetrado pelo partido Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), uma legenda islâmica radical que liderou protestos violentos pelo país pedindo para que Bibi fosse morta. Depois do anúncio da decisão, o grupo pediu que seus membros estejam “prontos para a ação”.
Apesar das ameaças, a força do movimento está abalada, com a maior parte de seus líderes presos depois de uma onda de repressão do governo.
Escondida desde que sua pena de morte foi revogada, Bibi deve deixar o Paquistão nas próximas horas. Dois de seus cinco filhos já estariam no Canadá, que ofereceu asilo à paquistanesa. Em comunicado, a Anistia Internacional afirmou que ela deve ficar livre “para se reunir com sua família e buscar segurança em um país de sua preferência”.
Histórico
Bibi foi condenada à morte em 2010 no que rapidamente se tornou o processo por blasfêmia mais famoso do Paquistão. Ela foi acusada por vizinhos muçulmanos de insultar o profeta Maomé durante uma briga por um copo d’água.
A blasfêmia é uma questão sensível no país, onde mesmo acusações não comprovadas de insultos ao Islã podem provocar linchamentos. Ativistas dos direitos humanos dizem que acusações do tipo são frequentemente usadas como forma de vingança pessoal.
Depois que a Suprema Corte converteu a condenação de Bibi, cidades pelo Paquistão ficaram paralisadas por dias em protestos violentos, com extremistas pedindo por sua decapitação.
As negociações para acabar com a violência, lideradas pelo primeiro-ministro Imran Khan, chegaram ao acordo que legalizou uma petição buscando um apelo contra a decisão da Suprema Corte, que é a última instância do Judiciário paquistanês. Khan foi acusado de legitimar as demandas dos extremistas.
(com EFE)