Na última sexta-feira, o Paquistão assistiu pela primeira vez uma transgênero apresentar um telejornal. Depois de três meses de treinamento no canal privado Kohinoor News, Marvia Malik realizou a sua estreia como âncora e afirmou que deseja ser uma inspiração para outros transgêneros.
Em entrevista à rede americana CNN, Marvia, de 21 anos, contou que não é aceita pela família e desde os 15 teve de aprender a viver por conta própria. Já realizou trabalhos como modelo e se formou jornalista na Punjab University.
A sua decisão de concorrer à vaga de âncora veio da vontade de provar à comunidade transgênero que eles “são capazes de realizar qualquer trabalho e fazer o que quiserem”. “Eu quero mostra ao país que somos mais que objetos de chacota… que somos seres humanos”, afirmou.
O diretor do canal, Bilal Ashraf, chefe de Marvia, contou à rede americana que no dia do teste não percebeu que ela era transgênero. “Nós não vamos discriminar, todo mundo tem sonhos e objetivos”, disse.
Este mês, o senado paquistanês aprovou por unanimidade um projeto de lei que protege os direitos da comunidade transgênero e estimula que as pessoas determinem seu próprio gênero. Em 2016, uma ativista trans morreu depois que demorou para receber tratamento médico porque o hospital não soube se a colocava numa ala feminina ou masculina.
De acordo com o senso de 2017, que pela primeira vez incluiu a comunidade trans nas pesquisas, há aproximadamente 10.000 pessoas que se identificam como transgênero no país sul-asiático.
Marvia conta que se identificou como trans quando era bem jovem e sofreu a rejeição da família. “Eu quero que a próxima geração de jovens transgêneros olhe para mim como uma inspiração para que eles possam ser aceitos e que possa haver oportunidades para eles”, disse à CNN.