Parlamento britânico dá rasteira em May e controla agenda do Brexit
Três ministros renunciam para votar contra primeira-ministra; deputados devem chegar a consenso sobre plano de saída do Reino Unido do bloco europeu
O Parlamento do Reino Unido tomou o controle sobre a agenda do Brexit nesta segunda-feira, 25, ao aprovar uma emenda que dá aos deputados britânicos o poder de votar propostas alternativas ao acordo assinado pela primeira-ministra do país, Theresa May, com a União Europeia (UE). A saída do país do bloco europeu está prevista para a sexta-feira, 29.
A chamada emenda Letwin foi aprovada por 329 votos favoráveis e 302 contrários. Três ministro renunciaram a seus cargos para votar em favor desse texto, em desafio claro a May: Alistair Burt, das Relações Exteriores, Steve Brine, da Saúde, e Richard Harrington, de negócios. Segundo o jornal The Guardian, 30 deputados conservadores também se rebelaram contra May.
O governo de May corria contra o relógio para ver aprovado o seu acordo com os europeus sobre o Brexit, depois de duas derrotas. A condição de Bruxelas para que a data de saída seja adiada para 22 de abril depende da aprovação de um acordo, que impeça uma retirada brusca e claramente prejudicial à economia britânica.
O Parlamento, porém, não tem uma lista fechada de planos alternativos ao Brexit. O consenso parece distante sobre qualquer proposta. Entre propostas estão a saída sem acordo, a realização de um segundo referendo, um novo acerto com a preservação da união aduaneira entre Reino Unido e União Europeia e até mesmo a desistência de sair do bloco continental.
Durante o debate realizado na tarde desta segunda-feira, a primeira-ministra afirmou que não dará aos deputados um “cheque em branco” para decidir o “roteiro do Brexit”.
A emenda aprovada nesta segunda-feira permite que os parlamentares proponham votações na Câmara dos Comuns, uma prerrogativa reservada ao governo. May afirmou que o movimento perturba o “equilíbrio das instituições democráticas” do Reino Unido.
Ainda não se sabe como a votação ocorrerá. Os parlamentares podem se pronunciar sobre cada uma das possíveis propostas ou criar um sistema para escolher os diversos planos por ordem de preferência.
May descarta, por enquanto, levar a votação pela terceira vez o acordo do Brexit firmado por ela com a UE. A premiê admitiu mais cedo que não conta com o apoio necessário para aprová-lo.
A União Europeia estabeleceu o dia 12 de abril como data limite para que a Câmara dos Comuns aprove o texto. Se o pacto não for ratificado até lá, o Reino Unido deixará o bloco sem negociação ou será obrigado a pedir uma nova prorrogação do prazo, o que obrigaria o país a participar das eleições para o Parlamento Europeu.
May também disse que não vai permitir uma saída abrupta da União Europeia, a não ser que a Câmara dos Comuns, que já descartou essa hipótese no início do mês, mude de ideia e decida deixar o bloco sem acordo.
(Com EFE)