O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, sobreviveu nesta terça-feira a mais uma tentativa do Parlamento de forçá-lo a deixar o cargo. As críticas contra Zuma aumentaram após o presidente se ver envolvido em uma série de escândalos político-financeiros e o agravamento da economia do país, que se encontra em recessão. Com 75 anos, Zuma está no poder desde 2009. Apesar de ter sido reeleito em 2014, essa foi a sétima moção de censura que enfrentou.
Para que o presidente caísse, a moção impulsionada pelos deputados da oposição deveria ser aprovada pela maioria absoluta das 400 cadeiras, ou seja, 201 votos. O resultado foi 177 votos a favor da saída, 198 votaram contra, além de nove abstenções, disse Baleka Mbete porta-voz da Assembleia Nacional.
Entretanto, apesar de ter escapado de uma possível renúncia forçada, o presidente ficou politicamente prejudicado após alguns membros de seu partido governista, o Congresso Nacional Africano (ANC), votarem ao lado da oposição. Pela primeira vez, a votação dos legisladores foi secreta e o anonimato encorajou deputados do partido de Zuma a votarem contra o presidente. Como o ANC controla a Assembleia, com 249 cadeiras, o resultado da votação deixa claro que pelo menos 51 parlamentares da base governista não apoiaram o presidente.
A contagem do votos foi acompanhada música e dança em ambos os lados da assembléia. “Eles estão bombeando propaganda por meio da mídia de que o ANC não é mais apoiado pelo povo. Isto é imaginação”, disse Zuma para uma multidão do lado de fora do Parlamento, na Cidade do Cabo, após o resultado ser anunciado.
O presidente chegou à Assembleia uma hora depois da divulgação da decisão. “Eu vim aqui apenas para agradecer a vocês. Esses companheiros que estão no Parlamento precisam de apoio. Com seus números vocês demonstraram que a ANC está aqui, é poderosa, grande. É difícil derrotar a ANC, mas podem tentar”, ele disse. Depois do discurso, Zuma cantou, contou piadas e disse a seus apoiadores que a oposição foi frustrada em mais uma tentativa de tomar o poder.
Protestos
O povo sul-africano têm feito protestos quase diários contra o presidente. Zuma é acusado de estar sob a influência e de favorecer os interesses de uma polêmica família de empresários indianos, os Gupta. O presidente, sua família e vários ministros teriam ajudado os Gupta a conseguir bilhões de dólares com contratos fraudulentos com o governo.
Zuma e os ministros negaram as alegações, bem como os Gupta. A família indiana construiu um império corporativo que vai da mídia à mineração. O escândalo, porém, provocou divisões no ANC e reduziu ainda mais a popularidade do presidente.
(com agências internacionais)