Partido de Le Pen convoca protestos contra ‘ditadura dos juízes’ após inabilitação
Reagrupamento Nacional diz que atos são contra quem quer 'contornar a democracia'; Líder ultradireitista francesa foi condenada por desvio de recursos públicos

O líder do partido de extrema direita francês Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, convocou protestos nesta segunda-feira, 31, contra a condenação que levou à inelegibilidade por cinco anos de Marine Le Pen, uma das principais vozes da legenda e da ultradireita europeia. Além de afastá-la das próximas eleições na França, em 2027, após considerá-la culpada de desvio de recursos públicos, a Justiça a condenou a quatro anos de prisão e a multou em 100 mil euros.
Em uma petição online, chamada “Vamos salvar a democracia, vamos apoiar Marine”, o RN instou os franceses a participarem de uma “uma mobilização pacífica” contra o veredito.
“Ao proibir Marine Le Pen de concorrer nas eleições presidenciais de 2027, eles estão tentando impedir sua ascensão ao Palácio do Eliseu por todos os meios necessários”, alegou a nota. “Não é só Marine Le Pen que está sendo injustamente condenada: é a democracia francesa que está sendo executada. Não é mais o governo dos juízes, mas a ditadura dos juízes, que deseja impedir o povo francês de se expressar”, acrescentou o texto.
Ao convocar manifestações, a sigla ultradireitista afirmou que o ato busca “mostrar àqueles que querem contornar a democracia que a vontade do povo é mais forte”. O Reagrupamento Nacional também definiu como “um escândalo democrático” a decisão de afastar Le Pen de cargos públicos, uma vez que a política de 56 anos é “completamente inocente”.
“Vocês sempre puderam contar com Marine Le Pen, com sua disposição de defendê-los, com seu patriotismo. Hoje, ela conta com vocês”, apelou o texto.
+ A reação colérica da extrema direita internacional à inelegibilidade de Le Pen
Entenda a condenação
O Tribunal Penal de Paris considerou Le Pen, outras oito pessoas que eram legisladores da União Europeia na época dos crimes e doze assistentes parlamentares culpados de desvio de fundos da União Europeia. Os réus não foram acusados de embolsar o dinheiro, mas sim de usar fundos do bloco em benefício de seu partido.
“Foi estabelecido que todas essas pessoas estavam realmente trabalhando para o partido, e que seu legislador (da UE) não havia dado a elas nenhuma tarefa”, declarou a juíza Bénédicte de Perthuis, presidente do tribunal. “As investigações também mostraram que esses não foram erros administrativos, mas desvio de fundos dentro da estrutura de um sistema estabelecido para reduzir os custos do partido.”
Le Pen, que estava sentada na primeira fila do tribunal, foi vista balançando a cabeça da direita para a esquerda, indicando dizer “não” enquanto ouvia a sentença. Ela deixou a corte antes da leitura acabar. Além da inelegibilidade, ela também foi condenada a quatro anos de prisão, com possibilidade de cumprimento em regime de prisão domiciliar e tornozeleira eletrônica, e uma multa de 100 mil euros.
“O tribunal levou em consideração, além do risco de reincidência, a grande perturbação da ordem pública se uma pessoa já condenada fosse candidata à eleição presidencial”, acrescentou de Perthuis.
Em 2027, o presidente da França, Emmanuel Macron, já não poderá concorrer novamente, pois atingiu o limite de dois mandatos presidenciais. Ele deverá apontar um sucessor de seu partido centrista, o Juntos.