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Paulo Guedes sobre livre-comércio: ‘Já começamos a negociar com os EUA’

Ministro da Economia diz ser possível conciliação do acordo Mercosul-União Européia com a negociação comercial com os americanos

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 31 jul 2019, 20h24 - Publicado em 31 jul 2019, 19h53

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou nesta quarta-feira, 31, que as negociações sobre a liberalização do comércio com os Estados Unidos já começaram oficialmente. A posição foi expressa depois de ter recebido, no seu ministério, o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross. Na terça-feira 30, o próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia expressado seu desejo de concluir um acordo de livre comércio com o Brasil.

“O que ficou amarrado é que já estamos oficialmente começando as negociações com os Estados Unidos”, afirmou Guedes à imprensa. “Nós ficamos décadas fora desses grandes acordos. A bola agora está rolando.”

Guedes está ciente de que, como membro do Mercosul, o Brasil não poderá levar adiante o projeto com os Estados Unidos sem trazer consigo os seus três sócios do bloco – Argentina, Uruguai e Paraguai. Por isso, teve o cuidado de disparar seu recado aos parceiros sul-americanos. “O Brasil tem por ideologia uma maior integração. Fez esse movimento com o Mercosul, fez o mesmo junto com o Mercosul para (o acordo) com a União Europeia, e agora está fazendo com os Estados Unidos”, disse o ministro. “O Brasil está seguindo no caminho da abertura da economia e da maior integração”, completou.

Segundo o ministro da Economia, será possível conciliar a implementação do acordo do Mercosul com a União Europeia, prevista para daqui a três anos ou mais, com as negociações com os Estados Unidos. Durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro, mais cedo, Ross queixou-se de regras não-tarifárias presentes no acerto com os europeus que poderiam dificultar as novas conversas. Chamou-as de “pílulas de veneno”. O próprio presidente brasileiros mostrou-se impressionado com essas possíveis “armadilhas”, até agora não identificadas. Guedes, mais diplomático, afirmou não existirem pílulas nocivas no acordo com os europeus.

No caso do acordo com os Estados Unidos, Guedes disse haver interesses mútuos que podem ser acomodados e insistiu que os ganhos de um acerto comercial serão tão expressivos que os obstáculos da negociação parecerão menores. Citou como exemplo o interesse americano em exportar volumes bem maiores, sem tarifa, de etanol para o Brasil. O ministro lembrou ser esse produto mais barato do que o álcool brasileiro e haver a possibilidade de os Estados Unidos zerarem as tarifas para o ingresso de açúcar do Brasil.

Guedes mencionou haver um projeto de alinhamento estratégico dos Estados Unidos com a parcela Atlântica da América Latina. Com o Brasil, já houve o apoio de Washington ao ingresso do país na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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