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Pediatra russa é condenada a 5 anos de prisão por criticar guerra na Ucrânia

Mulher de 68 anos foi denunciada pela mãe de um paciente por chamar soldado russo morto de 'alvo legítimo'

Por Da Redação Atualizado em 12 nov 2024, 15h53 - Publicado em 12 nov 2024, 15h53
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  • A pediatra Nadezhda Buyanova, de 68 anos, foi condenada a cinco anos e meio de prisão nesta terça-feira, 12, após ser acusada de criticar a guerra na Ucrânia durante uma consulta médica em Moscou. A denúncia veio da mãe de um de seus pacientes, Anastasia Akinshina, segundo a qual a médica fez comentários contra a operação militar da Rússia.

    Buyanova, por sua vez, negou as alegações, alegando ser alvo de perseguição política devido à sua origem ucraniana. Nascida em Lviv, na Ucrânia, ela vive na Rússia há muitos anos.

    Denúncia de paciente

    Segundo Akinshina, Buyanova teria afirmado que a Rússia era “culpada” pela guerra e que o pai do pequeno paciente, um soldado russo morto, era “um alvo legítimo”. A mãe do menino gravou um vídeo denunciando a médica, no qual declarou que não permitiria que o caso fosse “varrido para debaixo do tapete”. O vídeo rapidamente ganhou espaço na mídia estatal do país, ampliando a repercussão pública do incidente.

    Não há, porém, gravações da consulta médica que comprovem as alegações, e a acusação se baseia exclusivamente nos depoimentos da mãe e do menino. A defesa de Buyanova refutou as acusações, argumentando que não há evidência concretas do suposto crime e que a pediatra foi condenada injustamente.

    Repressão

    Buyanova foi acusada de “disseminação de informações falsas” sobre a operação militar russa na Ucrânia, o que se tornou comum desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Analistas indicam que a legislação foi criada para reprimir vozes dissidentes e aqueles que se opõem à guerra.

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    A situação gerou uma onda de apoio à pediatra, considerada uma prisioneira política por organizações de direitos humanos. Em uma carta aberta, um grupo de médicos russos criticou a denúncia, classificando-a como um triste reflexo da repressão política crescente no país.

    Recentemente, um homem foi condenado a 13 anos de prisão por “traição”, após fazer uma doação de cerca de R$ 315 a uma organização de caridade que apoia a Ucrânia. Casos semelhantes deram penas pesadas a outros cidadãos russos que fizeram doações pequenas para grupos de apoio aos ucranianos.

    De acordo com a organização internacional de defesa dos direitos humanos Memorial, que foi fundada na Rússia, há quase 800 prisioneiros políticos no país. O grupo acredita que o número real, porém, pode ser muito maior, pois muitos casos são julgados sob sigilo.

    Estima-se que mais de 116 mil pessoas tenham sido processadas por atividades relacionadas a ativismo nos últimos seis anos, um número que supera os níveis de repressão política vistos até mesmo durante os governos dos líderes soviéticos Nikita Khrushchev e Leonid Brezhnev.

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