Pela primeira vez, Vietnã reconhece que ser LGBT não é doença
Em decisão vista como histórica, Ministério da Saúde do país declarou que orientação sexual não é passível de tratamento médico
O Ministério da Saúde do Vietnã declarou, pela primeira vez, que ser homossexual, bissexual ou transgênero não deve ser considerado como doença. A decisão histórica foi vista como uma “enorme mudança de paradigma” nas atitudes do governo em relação à diversidade sexual.
O anúncio, enviado aos departamentos de saúde provinciais e municipais no início deste mês, orienta que os médicos não devem “interferir nem forçar o tratamento” em pacientes LGBTQIA+ e devem tratar esse grupo com o devido respeito, sem discriminação.
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A campanha reconhece que a homossexualidade “não é totalmente uma doença”, por isso, “não pode ser ‘curada’ nem convertida de forma alguma”.
O avanço, ainda que tímido, foi visto como o início de uma revolução nas políticas vietnamitas.
“Embora as atitudes não mudem da noite para o dia, isso marca uma enorme mudança de paradigma”, disse Kyle Knight, pesquisador da Human Rights Watch, organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos.
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Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Knight estimou que, por ter sido emitido pelo Ministério da Saúde, a mais confiável de autoridade médica no Vietnã, o anúncio poderá gerar um grande impacto sobre as percepções da sociedade sobre a população LGBTQIA+.
“O mito de que a homossexualidade é diagnosticável tem permeado e permeado a sociedade vietnamita. É um fator subjacente à negligência médica contra jovens que se identificam com a sigla”, disse o pesquisador.
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Em novembro, a campanha “Leave with Pride” do Instituto de Estudos da Sociedade, Economia e Meio Ambiente (iSEE) fez uma petição à Organização Mundial da Saúde (OMS) para afirmar que ser gay não é uma doença.
Em abril, o representante da OMS no Vietnã, Kidong Park, divulgou uma declaração confirmando que qualquer tentativa de mudar a orientação sexual de pessoas LGBTQ+ “não tem base médica e é inaceitável”.
A iSEE, que luta pelos direitos das minorias vietnamitas, reivindica junto a outros grupos ativistas do país a implementação de legislações que permitam o casamento entre pessoas do mesmo sexo.